BAILE DE MÁSCARAS NO CONGRESSO NACIONAL
Na
última quinta-feira um grupo de manifestantes formado por 80 pessoas se dirigiu
até a Secretaria de Defesa Social com a finalidade de protestar contra a
decisão do governo de proibir o uso de máscaras em manifestações públicas.
Pretendiam convencer o secretário Wilson Damázio a voltar atrás na decisão.
Os
manifestantes foram barrados pelo batalhão de polícia de choque que fez uma
barricada e impediu os insatisfeitos mascarados que queriam promover um baile
de máscaras em frente à SDS. Mesmo achando os motivos desse protesto bastante pueris
(parece coisa de facebook), uma coisa chamou-me à atenção no ocorrido.
O
argumento usado pelo policial que respeitosamente tentava convencer os
manifestantes da impossibilidade daquele tipo de protesto ecoou como o estrondo
de uma bomba de efeito moral em minha mente. O argumento: “toda manifestação pacífica é permitida, mas não ocultar a identidade
para cometer crimes” (paráfrase).
A
frase dita com respeito pelo policial que cumpria o seu dever como guardião da
ordem pública pareceu-me contraditória não pelo que foi dito, mas pelo contexto
da política brasileira atual. Enquanto o policial afirmava que não se deveria
ocultar a identidade para cometer crimes aos manifestantes, era exatamente isso
que o congresso nacional (câmara dos deputados) estava fazendo.
Sob
a “máscara” do voto secreto, os incorrigíveis deputados federais do nosso
enfermo congresso, aprovavam de forma absurda e perversa a manutenção do
mandato do deputado Natan Donadon (PMDB-
RO) já condenado e cumprindo pena em uma penitenciária de Brasília. Deputados escutem o que diz o
respeitável policial!
Concordo
plenamente com o policial que explicou os motivos legais para a proibição de
máscaras no Recife, mas sinceramente acredito também que elas deveriam ser
proibidas em Brasília. Não faz sentido proibir os “bailes de mascarados” nas
ruas e permiti-los nas sessões de votação do Congresso Nacional!
Se
o povo não deve ocultar uma identidade criminosa por baixo de uma máscara, os
parlamentares muito menos. Não faz sentido que os “bailes de mascarados” cessem
nas ruas e continuem existindo como se fizessem parte de um eterno carnaval nas
mesas alegóricas (quero dizer, de votação) do Congresso Nacional. Dois pesos,
duas medidas?
Bastou
passar a tempestade (os grandes protestos) e os predadores do dinheiro público
(parlamentares corruptos) voltaram à caça (atitudes corruptas). No Brasil, uma
boa parte dos parlamentares não apenas são corruptos, mas se tornaram
verdadeiros inimigos do cidadão brasileiro e continuam roubando sem serem
reconhecidos porque usam máscaras (voto secreto).
Já
está na hora de desmascarar não apenas os vândalos que se escondem atrás de
máscaras para praticarem crimes durante protestos que são legítimos, mas também
os engravatados que, embora disfarçados de representantes do povo, são
verdadeiros bandidos. Parem o baile ou então o país vai parar!
Ainda
que o povo brasileiro goste de festas, não há nenhuma diversão quando os cofres
públicos estão sendo pilhados por corruptos incorrigíveis mantidos por uma
estrutura corporativa e igualmente corrupta. Não há nada para comemorar, o país
do carnaval está triste e o salão pode ficar vazio. Culpa dos mascarados!
André Pessoa
Excelente texto!!!!!
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