METÁFORA MEDICAMENTOSA
Você sabe o
que é Prolopa, Atenobal ou Carbidol? Nem eu tampouco sabia antes de parar
diante do balcão de uma grande farmácia na zona sul do Recife e ler estes nomes
nas caixas dos remédios. Fiquei surpreso porque nunca tinha parado para
analisar quão complicados são os nomes dos medicamentos, sobretudo, quando
vistos uns ao lado dos outros ao mesmo tempo.
Enquanto o
farmacêutico se dirigiu ao estoque da farmácia para procurar o medicamento que
eu fui comprar, parei por um instante e fiquei a observar aquela pluralidade de
nomes estranhos que em geral estão lidados a formula do medicamento ou as
doenças que pretendem curar. Pensei então na dificuldade que teria um homem
simples e de pouca instrução na farmácia.
Sem a receita
(que nem sempre é muito legível, pois os médicos gostam de hieróglifos), o
homem de inteligência mediana morreria antes de conseguir pronunciar o nome do
remédio que o curaria. A única forma de obter o medicamento seria por analogias
ou informando logo de saída o mal que se pretende curar.
A minha visita
a farmácia e a minha estranheza diante dos nomes igualmente estranhos dos
remédios acabaram por me revelar uma bela metáfora: o remédio que cura o homem
é de difícil acesso e estranho aos seus olhos. Daí muitos “morrerem” todos os
dias sem nunca alcançar a plena saúde.
Soluções
fáceis, com raríssimas exceções, não resolvem problemas difíceis. Talvez seja
por isso que tanto desconfio dos livros de autoajuda que propagam fórmulas
simples e rápidas para enriquecer, ser influente ou ter amigos. A autoajuda
está para os desesperados assim como a automedicação está para os doentes.
Uma e outra
não resolvem o problema e podem até piorar a situação. Tanto a autoajuda como automedicação
peca por subestimar a “doença” e não são eficazes por que são administradas por
não especialistas. Da mesma forma que a vizinha da frente que indicou o remédio
nada sabe de medicamentos, os autores de autoajuda nada conhecem em
profundidade.
De fato, os
remédios que curam as doenças são de difícil acesso, caros, têm nomes
complicados e precisam ser ministrados por aqueles que os conhecem: médicos e
farmacêuticos. O máximo que o chazinho da vovó ou a panacéia da titia fazem é
produzir no doente crédulo o efeito placebo. A autoajuda faz o mesmo!
Para ser mais
sincero ainda, começando a entrar na segunda e última fase daminha vida, passei
a acreditar que embora algumas doenças possam ser curadas, muitas outras
aparecerão e uma em especial não tem cura: a angústia humana. Somos doentes
desde o início, nossos atos são egoístas e os nossos objetivos mesquinhos.
Pecado?
Dê o nome que
quiser a essa inclinação perversa do homem, mas não perca tempo buscando
soluções fáceis que nunca darão conta da complexidade do assunto, da mesma
forma que o chá de boldo da mamãe não vai curar o problema do seu fígado. O
nome do remédio eficaz é bem mais difícil de pronunciar!
André Pessoa
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