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domingo, 6 de julho de 2014

RAZÃO E EMOÇÃO NA COPA DO MUNDO

                Chegamos à semifinal da Copa do Mundo com dois blocos de seleções bem distintos, de um lado duas potências do futebol europeu: Alemanha e Holanda, do outro as duas maiores seleções da América Latina: Brasil e Argentina.  Quem ganhará esse duelo de titãs, o velho ou o novo mundo? Os desenvolvidos ou os emergentes?
                Entretanto, olhando por outro ângulo, isto é, de um ponto de vista psicológico, podemos afirmar que o duelo entre essas quatro seleções será na verdade uma disputa entre a razão e a emoção. Brasil e Argentina representam a emoção, o “sangue caliente”, o temperamento sanguíneo. Já Alemanha e Holanda encarnam a razão, a frieza glacial e o temperamento fleumático.
                De um lado a emoção dos quase descontrolados e chorões jogadores brasileiros e a catimba dos encrenqueiros argentinos, do outro a meticulosidade e o comportamento estóico dos alemães e holandeses. Pensar no Brasil é pensar no carnaval, lembrar da Argentina é lembrar do tango, ambos expressões da mais genuína emoção.
Contudo, pensar na Alemanha é pensar em Hitler (como era frio) e pensar na Holanda? Maurício de Nassau? Ah, esse também era alemão! Seria isso um sinal, um presságio? Bom, uma coisa é certa: o temperamento e as atitudes dos jogadores das duas seleções européias que chegaram à semifinal da Copa do Mundo são tão frios como os dias mais gelados do inverno europeu.  
É difícil saber quem sairá vencedor nesse duelo entre emoção e razão, fogo e gelo,  entretanto, até agora parece que a razão está levando uma pequena vantagem sobre a emoção. A Holanda venceu o México nas oitavas de final porque foi fria e calculista até o último momento virando o jogo nos cinco minutos finais.
Quanto ao técnico da Holanda, Louis Van Gall, em um momento de pura racionalidade e rara sobriedade substituiu o goleiro Cilessen que tinha jogado todos os jogos por Tim Krul que estava no banco e entrou para pegar dois pênaltis contra a Costa Rica. O motivo da substituição não foi nenhuma revelação sobrenatural, mas apenas o fato de Krul ter maior estatura do que Cilessen.
Eis aí a razão decidindo a classificação! Essa substituição feita por Van Gall aos nossos olhos, emotivos brasileiros, seria considerada absurda e infundada, mas quando a analisamos racionalmente sem nos deixar levar pelo emocionalismo, entendemos que essa era a coisa mais acertada a fazer. Além disso, o goleiro Krul estava fora, descansado e não envolvido na tensão do jogo o que permitiu ter um bom desepenho.
Não sei o que vai acontecer nessas semifinais, pois qualquer resultado é possível em se tratando dessas quatro grandes seleções. Porém, eu temo que o desequilíbrio emocional nos faça perder uma copa que poderíamos, mesmo com esse time não muito brilhante, ganhar caso deixássemos de lado a emotividade e fôssemos mais analíticos e racionais.
Aliás, a emotividade dos sul-americanos e a frieza analítica dos europeus se faz notar com muita clareza na atitude dos técnicos das equipes. Observe, por exemplo, o comportamento do Felipão durante o jogo, perceba como ele gesticula, esbraveja e grita desesperado. Já a equipe técnica da Holanda, inclusive Van Gall, apenas observa o jogo e faz muitas anotações dando um tom acadêmico ao futebol.
Quem vai ganhar esse duelo? A emoção ou a razão? Eu tenho a minha opinião sobre isso, mas prefiro manter-me em silêncio por enquanto, pois além de não gostar de agir movido pela emoção, eu tenho as minhas próprias RAZÕES para ficar calado e esperar os jogos.
André Pessoa    
               
     



                

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