RAZÃO E EMOÇÃO NA COPA DO MUNDO
Chegamos à
semifinal da Copa do Mundo com dois blocos de seleções bem distintos, de um
lado duas potências do futebol europeu: Alemanha e Holanda, do outro as duas
maiores seleções da América Latina: Brasil e Argentina. Quem ganhará esse duelo de titãs, o velho ou
o novo mundo? Os desenvolvidos ou os emergentes?
Entretanto,
olhando por outro ângulo, isto é, de um ponto de vista psicológico, podemos
afirmar que o duelo entre essas quatro seleções será na verdade uma disputa
entre a razão e a emoção. Brasil e Argentina representam a emoção, o “sangue
caliente”, o temperamento sanguíneo. Já Alemanha e Holanda encarnam a razão, a
frieza glacial e o temperamento fleumático.
De
um lado a emoção dos quase descontrolados e chorões jogadores brasileiros e a
catimba dos encrenqueiros argentinos, do outro a meticulosidade e o
comportamento estóico dos alemães e holandeses. Pensar no Brasil é pensar no
carnaval, lembrar da Argentina é lembrar do tango, ambos expressões da mais
genuína emoção.
Contudo,
pensar na Alemanha é pensar em Hitler (como era frio) e pensar na Holanda?
Maurício de Nassau? Ah, esse também era alemão! Seria isso um sinal, um
presságio? Bom, uma coisa é certa: o temperamento e as atitudes dos jogadores
das duas seleções européias que chegaram à semifinal da Copa do Mundo são tão
frios como os dias mais gelados do inverno europeu.
É difícil
saber quem sairá vencedor nesse duelo entre emoção e razão, fogo e gelo, entretanto, até agora parece que a razão está
levando uma pequena vantagem sobre a emoção. A Holanda venceu o México nas
oitavas de final porque foi fria e calculista até o último momento virando o
jogo nos cinco minutos finais.
Quanto ao
técnico da Holanda, Louis Van Gall, em um momento de pura racionalidade e rara
sobriedade substituiu o goleiro Cilessen que tinha jogado todos os jogos por Tim
Krul que estava no banco e entrou para pegar dois pênaltis contra a Costa Rica.
O motivo da substituição não foi nenhuma revelação sobrenatural, mas apenas o
fato de Krul ter maior estatura do que Cilessen.
Eis aí a razão
decidindo a classificação! Essa substituição feita por Van Gall aos nossos
olhos, emotivos brasileiros, seria considerada absurda e infundada, mas quando a
analisamos racionalmente sem nos deixar levar pelo emocionalismo, entendemos
que essa era a coisa mais acertada a fazer. Além disso, o goleiro Krul estava
fora, descansado e não envolvido na tensão do jogo o que permitiu ter um bom
desepenho.
Não sei o que
vai acontecer nessas semifinais, pois qualquer resultado é possível em se
tratando dessas quatro grandes seleções. Porém, eu temo que o desequilíbrio
emocional nos faça perder uma copa que poderíamos, mesmo com esse time não
muito brilhante, ganhar caso deixássemos de lado a emotividade e fôssemos mais
analíticos e racionais.
Aliás, a
emotividade dos sul-americanos e a frieza analítica dos europeus se faz notar
com muita clareza na atitude dos técnicos das equipes. Observe, por exemplo, o
comportamento do Felipão durante o jogo, perceba como ele gesticula, esbraveja
e grita desesperado. Já a equipe técnica da Holanda, inclusive Van Gall, apenas
observa o jogo e faz muitas anotações dando um tom acadêmico ao futebol.
Quem vai
ganhar esse duelo? A emoção ou a razão? Eu tenho a minha opinião sobre isso,
mas prefiro manter-me em silêncio por enquanto, pois além de não gostar de agir
movido pela emoção, eu tenho as minhas próprias RAZÕES para ficar calado e
esperar os jogos.
André Pessoa
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