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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

SOBRE ESTATÍSTICAS, FILOSOFIAS VÃS, PESSOAS SEDENTAS E OUTRAS BOBAGENS

                Embora eu não costume escrever textos em resposta a comentários feitos pelos leitores ao que escrevo no meu blog, vez por outra sinto-me irresistivelmente tentado a fazê-lo. Isso acontece, sobretudo, quando leio certos comentários escritos em um tom de gravidade por leitores religiosos que curiosamente mantêm comigo uma relação de amor e ódio.
                Em geral, os leitores que eu estou chamando aqui de "religiosos" nunca se identificam como tal, aliás, eles sempre assinam os comentários como "anônimos". Entretanto, eu os identifico com certa facilidade por causa de algumas características que eu listo a seguir:
1- Nunca comentam qualquer outro texto meu que não aborde um tema religioso. Por exemplo, nada dizem (ou será que nada têm a dizer?) sobre textos acerca de economia, cultura, história, política ou atualidades.
2- Usam sempre certas expressões aprendidas no seio de comunidades religiosas como "filosofias vãs", "pessoas sedentas" e outros jargões nascidos do "evangeliquês".
3- Em hipótese alguma concordam com qualquer afirmação de cunho religioso que encontrem nos meus textos por mais consistente que seja. Preferem fechar os olhos diante das evidências e seguirem resolutos e fanáticos.
                Apesar de tudo isso, esses leitores que chamo de "religiosos" são a maior parte dos que leem esse blog e confesso que nada tenho contra eles, pelo contrário, admiro o empenho e a fidelidade deles, infelizmente a uma causa ingênua e a um conjunto de postulados frágeis que equivocadamente chamam de evangelho. Moralismo não é evangelho!
                Se eu fosse um ditador ao estilo Médici diria: "Meu blog: ame-o ou deixe-o". Contudo, não sou um ditador e nem muito menos um déspota que não dá ouvidos aos leitores e estabelece uma tirania literária unilateral. Por isso, devo dizer aos meus leitores "religiosos" que sinto-me honrado em ser a vossa consciência crítica e dizer aquilo que vocês precisam ouvir.
                Quanto às estatísticas que um desses leitores "religiosos" sugeriu que fundamentassem o meu último texto (A MORTE DOS POETAS TRÁGICOS), devo dizer-lhe que o que escrevo não são artigos científicos que careçam de comprovação estatística para ter validade, mas apenas textos desvinculados de qualquer exigência empírica e rigor lógico. Talvez o IBGE lhe forneça o que você procura!
                Contudo, mesmo não utilizando as tão necessárias estatísticas, penso que 20 anos de convívio no meio religioso em igrejas de várias denominações e das mais diversas confissões, uma vasta pesquisa da história do cristianismo e os anos nos quais lecionei em seminários religiosos me permitem escrever sobre o assunto. Essa é a minha "praia".
                No que diz respeito às "filosofias vãs" que você diz que o meu texto propaga, gostaria que explicasse do que se trata. Penso que aquilo que você chama de "filosofias vãs" é tudo que não se enquadra na sua cosmovisão "evangélica" e que ousa ver a religião de uma forma crítica.
                "Filosofias vãs" nesse caso é sinônimo de verdades que não queremos ouvir e para as quais não temos argumentos convincentes que as contraponham. É "filosofia vã" tudo o que se oponha a alienação que a religião cristã produziu ao longo dos últimos séculos da história mundial. Confesso que amo as "filosofias vãs"!
                Outra afirmação que é muito comum na boca desses apologistas de mundos em escombros é a de que as "pessoas estão sedentas pela palavra". Sedentas acho até que as pessoas estão, entanto, creio também que os ensinos, dogmas e preceitos morais que a igreja ensina aos convertidos jamais matará essa sede.
                O ensino da igreja, se é que assim podemos chamar esse catequismo moralista, é superficial e nada diz acerca dos problemas e angústias que verdadeiramente oprimem o homem pós-moderno. Ao homem perplexo, alienado pelo consumismo, destruído pela vulgaridade, ansioso por se tornar celebridade a igreja diz toscamente: "aceite Jesus para ir morar no céu"!
                Não é sem motivo que o papa tem falado ultimamente em reforma da igreja e que muitos pastores estão resolvendo mudar a forma de organizar as suas igrejas e o seus respectivos cultos. Pena que isso tenha acontecido tarde demais, ou seja, no fim de um ciclo que se aproxima e com ele a morte da igreja como a conhecemos.
                Nietzsche errou quando disse que Deus estava morto, mas não resta dúvidas que a igreja está moribunda! O antigo mundo dos sacerdotes cristãos teve o seu fim decretado, as antigas estruturas eclesiásticas estão ruindo, as mensagens ditas "evangélicas" nada dizem e as pessoas riem dos "malabarismos espirituais" dos remanescentes da antiga ordem.
 Era uma vez um mundo que não volta mais...

André Pessoa


2 comentários:

  1. Ola Professor. Fico muito feliz de depois de muito tempo sem ver seu blog, hj percebo que o sr. continua publicando. Vc foi meu professor no Decisao boa vista 2008-2010. Abracao.

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  2. Professor, cadê suas postagens no blog?

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