SOBRE ESTATÍSTICAS, FILOSOFIAS VÃS, PESSOAS
SEDENTAS E OUTRAS BOBAGENS
Embora eu não
costume escrever textos em resposta a comentários feitos pelos leitores ao que
escrevo no meu blog, vez por outra sinto-me irresistivelmente tentado a
fazê-lo. Isso acontece, sobretudo, quando leio certos comentários escritos em
um tom de gravidade por leitores religiosos que curiosamente mantêm comigo uma
relação de amor e ódio.
Em geral, os
leitores que eu estou chamando aqui de "religiosos" nunca se
identificam como tal, aliás, eles sempre assinam os comentários como
"anônimos". Entretanto, eu os identifico com certa facilidade por causa
de algumas características que eu listo a seguir:
1- Nunca comentam qualquer outro texto meu que não aborde um tema
religioso. Por exemplo, nada dizem (ou será que nada têm a dizer?) sobre textos
acerca de economia, cultura, história, política ou atualidades.
2- Usam sempre certas expressões aprendidas no seio de comunidades
religiosas como "filosofias vãs", "pessoas sedentas" e
outros jargões nascidos do "evangeliquês".
3- Em hipótese alguma concordam com qualquer afirmação de cunho
religioso que encontrem nos meus textos por mais consistente que seja. Preferem
fechar os olhos diante das evidências e seguirem resolutos e fanáticos.
Apesar de tudo
isso, esses leitores que chamo de "religiosos" são a maior parte dos
que leem esse blog e confesso que nada tenho contra eles, pelo contrário,
admiro o empenho e a fidelidade deles, infelizmente a uma causa ingênua e a um
conjunto de postulados frágeis que equivocadamente chamam de evangelho.
Moralismo não é evangelho!
Se eu fosse um
ditador ao estilo Médici diria: "Meu blog: ame-o ou deixe-o".
Contudo, não sou um ditador e nem muito menos um déspota que não dá ouvidos aos
leitores e estabelece uma tirania literária unilateral. Por isso, devo dizer
aos meus leitores "religiosos" que sinto-me honrado em ser a vossa
consciência crítica e dizer aquilo que vocês precisam ouvir.
Quanto às
estatísticas que um desses leitores "religiosos" sugeriu que
fundamentassem o meu último texto (A MORTE DOS POETAS TRÁGICOS), devo dizer-lhe
que o que escrevo não são artigos científicos que careçam de comprovação
estatística para ter validade, mas apenas textos desvinculados de qualquer
exigência empírica e rigor lógico. Talvez o IBGE lhe forneça o que você
procura!
Contudo, mesmo não
utilizando as tão necessárias estatísticas, penso que 20 anos de convívio no
meio religioso em igrejas de várias denominações e das mais diversas
confissões, uma vasta pesquisa da história do cristianismo e os anos nos quais
lecionei em seminários religiosos me permitem escrever sobre o assunto. Essa é
a minha "praia".
No que diz respeito
às "filosofias vãs" que você diz que o meu texto propaga, gostaria
que explicasse do que se trata. Penso que aquilo que você chama de
"filosofias vãs" é tudo que não se enquadra na sua cosmovisão
"evangélica" e que ousa ver a religião de uma forma crítica.
"Filosofias
vãs" nesse caso é sinônimo de verdades que não queremos ouvir e para as
quais não temos argumentos convincentes que as contraponham. É "filosofia
vã" tudo o que se oponha a alienação que a religião cristã produziu ao
longo dos últimos séculos da história mundial. Confesso que amo as
"filosofias vãs"!
Outra afirmação que
é muito comum na boca desses apologistas de mundos em escombros é a de que as
"pessoas estão sedentas pela palavra". Sedentas acho até que as pessoas
estão, entanto, creio também que os ensinos, dogmas e preceitos morais que a
igreja ensina aos convertidos jamais matará essa sede.
O ensino da igreja,
se é que assim podemos chamar esse catequismo moralista, é superficial e nada
diz acerca dos problemas e angústias que verdadeiramente oprimem o homem
pós-moderno. Ao homem perplexo, alienado pelo consumismo, destruído pela
vulgaridade, ansioso por se tornar celebridade a igreja diz toscamente:
"aceite Jesus para ir morar no céu"!
Não é sem motivo
que o papa tem falado ultimamente em reforma da igreja e que muitos pastores
estão resolvendo mudar a forma de organizar as suas igrejas e o seus
respectivos cultos. Pena que isso tenha acontecido tarde demais, ou seja, no
fim de um ciclo que se aproxima e com ele a morte da igreja como a conhecemos.
Nietzsche errou
quando disse que Deus estava morto, mas não resta dúvidas que a igreja está
moribunda! O antigo mundo dos sacerdotes cristãos teve o seu fim decretado, as
antigas estruturas eclesiásticas estão ruindo, as mensagens ditas
"evangélicas" nada dizem e as pessoas riem dos "malabarismos
espirituais" dos remanescentes da antiga ordem.
Era uma vez um mundo que não
volta mais...
André Pessoa
Ola Professor. Fico muito feliz de depois de muito tempo sem ver seu blog, hj percebo que o sr. continua publicando. Vc foi meu professor no Decisao boa vista 2008-2010. Abracao.
ResponderExcluirProfessor, cadê suas postagens no blog?
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