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sábado, 2 de novembro de 2013

A MORTE DOS POETAS TRÁGICOS

               
                  Houve um tempo em que as pessoas respeitavam e, mesmo não se convertendo à mensagem religiosa, escutavam atentas e temerosas às pregações desses “poetas trágicos” e itinerantes que subiam nos ônibus com a Bíblia na mão e causavam medo aos ouvintes ameaçando-os com o fogo do inferno. Hoje, porém, aquilo que era trágico tornou-se cômico.
                Foi-se o tempo em que padres, pastores e missionários eram referências confiáveis para as pessoas que nutriam certo respeito às coisas da religião. Aos poucos, entretanto, a crença nas religiões tradicionais está se esgotando e a religião se retirando da esfera pública e sendo confinada aos locais de culto. As cruzes e as Bíblias se foram!
                Junto com o exílio das cruzes e das Bíblias, foram-se também os momentos de prece antes das refeições e nos instantes que antecedem o recolhimento noturno. A religião está sendo paulatinamente confinada que nem gado, aprisionada nos templos ao invés de andar feliz e livre no meio da rua!
                Os pregadores apocalípticos que anunciavam o fim do mundo através de megafones ou caixas de som amplificadas nas praças públicas começam a se tornar escassos e já são coisas do passado. Por outro lado, a aversão às religiões históricas torna-se um sentimento cada vez mais recorrente alimentado pelos escândalos envolvendo a igreja.
                Conceitos como “céu” ou “inferno” nada significam para o homem contemporâneo que está com os pés cada vez mais fincados na terra, no mundo, na materialidade, nos shoppings, no consumo. Por exemplo, dizer a um jovem que ele deve “guardar-se” para o casamento é algo incompreensível para uma geração que mergulhou de corpo e alma no “mundo” e que respira sensualidade.
                Falar em “pecado”, “condenação eterna”, “vida eterna”, “santidade” e outros conceitos e valores religiosos às pessoas de hoje é como tentar se comunicar com um árabe falando em mandarim. Os conceitos e a linguagem cristã tradicionais não são mais capazes de comunicar os preceitos religiosos nesse início de século XXI.
                Para o mundo contemporâneo, Deus tornou-se um ente distante, desvinculado do mundo e hoje não passa de uma pálida idéia moral sem atrativos que algumas pessoas ainda respeitam por causa das tradições que herdaram da família. Nesse sentido, Deus é semelhante a um velho e decrépito ancião a quem se deve respeito por causa da idade e não da relevância.
                E como começou tudo isso? Quando foi que a religião cristã começou a morrer? Quando se iniciou essa tragédia? Que doença está produzindo o “óbito” dos “poetas trágicos” (pregadores cristãos itinerantes)? A religião já nasceu com dia marcado para morrer porque nasceu longe do mundo real!
                Sem dúvida o Deus dos “poetas trágicos” está morto e foram os próprios “poetas trágicos” que o mataram. A igreja cristã e as outras religiões matam Deus toda vez que o separam do mundo e dos homens. Acredite, Deus é mundano!
                A religião mata Deus quando o transforma em um ríspido juiz que se dirige aos outros com o dedo em riste e voz de trovão condenando-o. Na verdade, a religião não está morrendo; ela nunca esteve viva. A religião ao longo da história do mundo foi apenas uma instituição social de caráter normativo que existiu e existe com a finalidade de exercer controle social.
A religião como a conhecemos é um conjunto de preceitos vazios que não passam de meras regras moralistas que em nada aproximam o homem do sobrenatural, ou se o fazem, criam uma relação apenas superficial. Ela nunca esteve viva, nunca respirou e nem deixou ninguém respirar; exalou morte quando devia ter doado a vida.
                Não é a sensualidade, o secularismo, o relativismo, a mudança de papel da família ou o materialismo que está sufocando a religião e matando o velho e severo Deus dos crentes. A causa da morte do Deus dos crentes é exatamente o conteúdo da mensagem dos “poetas trágicos” que estão matando Deus quando pensam propagá-lo.

André Pessoa

                

2 comentários:

  1. Eu imagino que em qualquer pesquisa ou levantamento de dados existem estatísticas. Até para se compor um bom texto, estruturado em dados relevantes. Primeiro que pregadores de rua existem, sim! É possível vê-los em qualquer cidade brasileira, mas é claro que não ficam no mesmo lugar, eles se deslocam para outras regiões, outras áreas que precisam receber, sedentas, a mensagem de fé e esperança. Não quero aqui defender X ou Y, mas só acho que seu texto não está consistente, e foi criado à base de filosofias vãs e vazias criadas a partir de leituras, que nada representam a realidade.É triste ver que tanta bobagem parte de um professor.

    Da próxima vez, mostre dados e estatísticas que comprovem sua tese, caso contrário seus argumentos (se é que podemos chama-los assim) serão sempre contraditórios, vazios e inconsistentes.

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  2. Ótimo texto André! Infelizmente, ainda existem pessoas muito ignorantes. Não sabem elas que, além dos seus argumentos provirem de anos de esforços individuais, são também o conjunto de discussões feitas com seus alunos, e demuitas outras experiências. De fato, dados enriquecem um texto, mas, com argumentos tão bons quem liga para tais dados?

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