CRESCER NÃO É FÁCIL
Entre as heranças malditas do ainda em andamento
governo petista a mais nociva é a falsa ideia de que o Brasil está imune às
crises econômicas mundiais. Depois que Lula comparou a crise norte-americana a
uma "marolinha" que nada podia contra o nosso país ficamos com
"síndrome de gente grande".
A euforia decorrente da inclusão da economia
brasileira entre as maiores do mundo que esteve diretamente ligada às crises
dos EUA e da Europa fez os incautos confundirem crescimento econômico com
aumento de consumo. Crescer, no entanto, como nos lembra o economista José
Roberto Mendonça, não é fácil.
Os pronunciamentos de Lula feitos durante o seu governo
e também os de Dilma, sua mais célebre invenção, fizeram os entusiastas
acreditarem em uma ascensão meteórica do nosso país que na verdade nunca
existiu. Na história em geral e na economia em particular não existe mágica.
Nenhuma grande nação do mundo se desenvolveu do dia
para a noite como em um passe de mágica e sem investimento em áreas essenciais.
Sempre desconfiei do tão alardeado "milagre brasileiro" que a meu ver
nunca se expressou em mudança real da sociedade, mas apenas significou maior
acesso ao crédito.
Depois que o IBGE divulgou o pífio crescimento de 0,6%
do PIB no terceiro semestre deste ano em comparação com o ano passado a
"ficha parece enfim ter caído". Sobrou para o Mantega que com um
semblante meio rubro quiz explicar o inexplicável e parece está na berlinda.
Economia não é confissão positiva e nenhuma país
crescerá apenas afirmando com os dentes cerrados que é capaz de crescer. O
crescimento verdadeiro é um processo que exige não medidas paliativas em
setores pontuais da economia, mas um conjunto de ações coordenadas em diversas
áreas ao mesmo tempo.
O tão alardeado crescimento do Brasil não passou de
propaganda política populista que agora está sendo desmascarada pela crueza dos
fatos. O ingênuo e desinformado povo brasileiro confundiu compra de veículo
zero quilômetro e financiamento de casa própria em 30 anos com crescimento
econômico.
O Brasil só crescerá verdadeiramente quando atacar de
forma incisiva problemas infraestruturais crônicos que assolam a nação. Em um
país de dimensões continentais como o Brasil é imprescindível estradas em bom
estado de conservação, uma menor concentração das indústrias e escolas de boa
qualidade.
Um verdadeiro crescimento de qualquer país não pode
prescindir de investimento sério e renovação do sistema educacional. O que
poderíamos esperar de uma nação na qual a curva de aprendizagem declina
transformando o ensino fundamental em algo caótico e o analfabetismo funcional
cresce rapidamente?
Acrescente-se a esta lista interminável de problemas
nacionais uma carga tributária insuportável que não é convertida em benefício
para a sociedade e a baixa competitividade dos nossos produtos no mercado
internacional. Resumindo: internamente o Estado é intransigente e externamente
somos desprezíveis!
Como se tudo o que foi dito até aqui não fosse o
bastante, temos um problema a resolver que talvez seja o principal: a corrupção
política. Aliás, é possível que todos os demais problemas sejam apenas uma
variação do nosso ethos político que apodrecido compromete a governança.
O país da falsa propaganda do crescimento econômico é
o mesmo do mensalão, do Carlinhos cachoeira e da Rosemary, chefe de gabinete da
presidência em São Paulo. A corrupção política no Brasil se assemelha a uma
infecção generalizada que se não tivermos cuidado levará à nação a
"óbito".
É preciso dizer aos que governam o nosso país que
"ninguém chega à fase adulta sem antes sair da infância e passar pela
juventude". Não se promove um real crescimento reduzindo IPI,
"baixando" conta de energia elétrica e negligenciando a educação.
Crescer não é fácil.
André Pessoa
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