UMA MORTE ANUNCIADA

UMA MORTE ANUNCIADA

É preciso morrer na hora certa. A morte é uma questão política. A CIA sabe muito bem disso. Obhama também.
Não bastava apenas matar Bin Laden, era preciso que ele morresse no momento exato. Matar Bin Laden dez anos atrás teria sido promovê-lo, transformá-lo em pop star, elevá-lo à fama.
Só matar Bin Laden não era suficiente; era preciso transformar o “chefe” da Al - Qaeda em cabo eleitoral de Obhama. O número um do terrorismo no mundo precisava dar uma forçinha para o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos continuar na Casa Branca.
Aliás, já era tempo de Obhama se afinar com a política conservadora e imperialista norte-americana. Só estava faltando matar alguém. Pronto, feito!
Nada melhor do que eliminar um dos maiores inimigos do povo americano para se reeleger e disfarçar o fracasso de um mandato político relativamente medíocre. Isso é o que eu chamo de um remédio bélico para uma doença política!
O que houve na verdade foi uma troca. Obhama trocou os avanços nas negociações para estabelecer a paz no oriente médio e a relativa popularidade da democracia ocidental que começava a derrubar ditadores no mundo árabe pela sua reeleição.
“Não há nada de novo debaixo do céu”. Na verdade, a morte de Bin Laden é uma reedição de algo que já vimos inúmeras vezes. Esse filme todo mundo já conhece, em hipótese alguma é inédito!
Também foi assim com Sadan Hussein e Arafat. Os métodos usados são sempre os mesmos: os Estados Unidos, a polícia do mundo, depois de usar bastante os seus detratores como garotos propagandas do “lado negro da força”, os elimina, mas não sem antes difamá-los.
Quando Arafat morreu disseram que ele estava com AIDS, porque era homossexual. Afirmaram também que Sadam Hussein, o “leão do deserto”, se escondeu dentro de um buraco infecto como um animal e que Bin Laden usou uma de suas mulheres como escudo humano.
Eu não agüento mais estas historinhas de faz de conta veiculadas nos telejornais em horário nobre. Estou com náuseas, com vontade de vomitar. A política americana me enoja! Pra falar a verdade, nessa história não tem moçinho, todo mundo é bandido.
Não pense que eu estou defendendo o terrorismo. De forma alguma. O que eu acho é que existem várias formas de praticar terrorismo. A usada por Bin Laden era apenas uma delas. As outras estão mais relacionadas com Guantánamo do que com o Afeganistão e com o talibã.
Eu gostaria que todos os ditadores e todo regime fundamentalista religioso, mulçumano ou cristão, sumisse da face da terra. Queria muito que as pessoas deixassem de lado os livros sagrados mal interpretados e o ódio que eles suscitam e fossem mais humanas.
Ah, já ia esquecendo: jogaram o corpo do Bin Laden no mar. Meio romântico não acha? Só peço, até pelo amor de Deus, que a CIA divulgue pelo menos uma foto do finado Bin Laden. Caso contrário, vai ter gente que não vai acreditar que Osama Bin Laden morreu da mesma forma que não acredita que o homem foi à lua.
Os Estados Unidos da América não precisa promover invasões militares infundadas e nem declarar aberta a temporada de caça aos terroristas para alcançar os seus objetivos pouco nobres. Ou será que em pleno século XXI a voz de Maquiavel a nos dizer que “os fins justificam os meios” continuará a importunar-nos?

André Pessoa