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terça-feira, 26 de abril de 2011

QUAL É A SUA PALAVRA?










QUAL É A SUA PALAVRA?

“Comer, rezar e amar” é mais um Best-seller que virou filme. Trata-se da história de uma americana recém divorciada e confusa vivida por Júlia Roberts que tenta se encontrar viajando primeiro a Itália, depois a índia e por fim a Bali.
Se não fosse o final patético no qual um guru desdentado com cara de idiota e vigarista ao mesmo tempo, diz a personagem vivida por Júlia Roberts o que todo mundo já sabia - menos ela – fazendo-a correr para os braços de um brasileiro que de brasileiro não tem nada, o filme seria suportável.
Contudo, mesmo se tratando de mais um desses Best-sellers que vira lixo e de uma historieta americana de caráter existencial pintada com um verniz de auto-ajuda, há uma parte no filme que me chamou à atenção. Nem tudo está perdido!
Refiro-me a uma cena do filme na qual um dos interlocutores da personagem vivida por Júlia Roberts pede que ela se defina com uma palavra. Depois dela se definir como escritora, o interlocutor em questão lhe responde que escrever é o que ela faz e não o que ela é.
Achei a idéia de definir-se com uma palavra bastante interessante. Creio que todas as coisas, situações, lugares e pessoas podem ser definidos com uma única palavra, uma breve e precisa sentença.
A palavra que define alguém é aquela que expressa com perfeição a essência da pessoa em questão, e a essência de uma pessoa é aquilo que faz ela ser quem ela é e não outra pessoa. A essência de alguém é o seu fundamento, é o alicerce sobre o qual a sua personalidade foi construída.
Portanto, achar a palavra certa para definir uma pessoa é desvendar o mistério da própria existência desse alguém tornando-o desnudo. Encontrar a palavra de alguém é “tirar-lhe a roupa”, é encontrar a chave do seu destino.
A palavra que nos define é também semelhante às paredes de uma cela que nos aprisiona e da qual não podemos fugir. A nossa palavra delimita o espaço no qual existimos e nos movemos. A palavra, além de nos definir, nos contém.
Na verdade, eu mesmo não conheço pessoas, mas apenas palavras. Os seres humanos com os quais eu me deparo todos os dias são apenas palavras com pernas que andam pra lá e pra cá!
Conhecer alguém, portanto, não é saber o seu nome ou endereço, e sim saber a sua palavra. Logo, conhecer para o sujeito que está conhecendo é o ato de transformar pessoas em palavras.
Nestes dias estive pensando acerca da palavra que me define e na qual estou contido. E você? Sabe qual é a sua palavra? Se não sabe, talvez seja melhor assim, pois sabê-la nem sempre é bom. Trata-se de um encontro com a verdade. Estamos preparados para isso?





André Pessoa

Um comentário:

  1. Acho que encontrar a palavra que te define é um tanto assustador; o encontro com a verdade em si é assustador,pelo simples fato da verdade gerar uma mudança,e é essa mudança que causa um certo pavor..sair da zona de conforto e enfrentar a si mesmo.

    Estou bem longe disso...o conforto que a falta de conhecimento sobre si pode proporcionar é muito tentador.

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