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quinta-feira, 19 de maio de 2011

NADA É MAIS NOVO DO QUE O ANTIGO






NADA É MAIS NOVO DO QUE ANTIGO



Há uma cena no filme “Os intocáveis” que eu acho sensacional. É aquela em que um assassino profissional mata no elevador um dos detetives que ajudam Eliot Ness e escreve na parede a palavra “tocáveis” com o sangue da vítima.
Gosto da cena porque ela expressa de forma dramática a vulnerabilidade do homem que insiste em julgar-se inatingível. Não somos blindados; o simples fato de estarmos no mundo nos faz “tocáveis”.
A natureza, vez por outra, tenta nos relembrar esta verdade. Tanto o temporal que cai inesperadamente fora de sua época normal como os mais recentes terremotos no Japão e na Espanha são um aviso.
Eu não sei exatamente porque, mas em minha opinião nem um país, nem mesmo o Brasil (“um país tropical e abençoado por Deus”), está livre das catástrofes naturais. Em algum momento o mito da falsa segurança geológica do Brasil vai descer por água abaixo!
É claro que seria absurdo, por exemplo, mistificar a questão da possibilidade de um terremoto no Brasil afirmando que a nossa localização no centro da placa sul-americana não nos proporciona certa segurança. Mas seria igualmente bobagem crer que a nossa posição nos faz incólumes e isentos de acidentes naturais.
Metaforicamente falando, os continentes são como pedaços de madeira flutuando sobre o mar. As placas tectônicas deslizam calmamente e misteriosamente sobre o magma pastoso em um antiqüíssimo balé (“tudo está em movimento”, lembra-nos Heráclito).
Não sei se daqui a um ou mil anos, mas acredito que mais cedo ou mais tarde o mito da nossa pretensa segurança geológica vai se esvair como a água que evapora. O planeta está “trocando de roupa” e nós não sabemos que novas vestes ele usará.
A terra, tal e qual nas antigas cosmogonias, é semelhante a uma deusa e nós somos apenas os seus humildes súditos; apesar de nossa arrogância e prepotência. Os acidentes naturais como terremotos, tsunamis, vulcões que entram em erupção, tornados e tantos outros nos impelem a aceitar a condição de servos e não de senhores.
Os desastres naturais são velhos conhecidos dos homens. As eras geológicas e as camadas estratigráficas que testemunham os acontecimentos que ficaram para trás em uma época remota e longínqua são a prova disso.
Desde que o homem se entendeu como tal que ele luta para sobreviver em um mundo hostil. Das entradas apertadas das cavernas e dos galhos altos das árvores, o homem pré-histórico já assistia com perplexidade desde cedo a natureza querendo tragá-lo!
As catástrofes naturais, apesar da destruição que provocam, são eventos “pedagógicos” que muito podem nos ensinar. Elas nos falam sobre a forma desordenada e insana através da qual interferimos no meio-ambiente e também da reação violenta do mundo natural à agressão sofrida (O homem corta as árvores, a natureza ceifa vidas).
O desenvolvimento tecnológico aliado à perspectiva de lucro doentia que fundamenta o nosso mundo está nos levando a uma situação bastante delicada. A partir de agora não adianta mais orar pedindo a Deus que nos livre do mal (ele já está instalado).
Antes, o mais acertado a fazer é mudar de atitude quanto a nossa relação como o meio ambiente. Afinal de contas, “o que o homem plantar, isso, e somente isso, ele colherá”. É a Bíblia nos ensinando que NADA É MAIS NOVO DO QUE O ANTIGO.




André Pessoa

Um comentário:

  1. Só o fato de André Pessoa estar fugindo dos assuntos ligados à religião significa que ele não tem mais argumentos, ou seja, que ele está errado e equivocado na sua concepção querendo estar certo. Que ele não tem mais o que "dizer", e por isso fica na dele. Mas um dia ele vai aprender a ter mais respeito pelas coisas de Deus.

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