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sábado, 14 de maio de 2011

CACHORRADA NO PLANALTO CENTRAL






CACHORRADA NO PLANALTO CENTRAL

Depois de Tristão e Isolda, Heloísa e Abelardo e Fernando e Isaura, estamos agora diante da mais nova e impetuosa relação conturbada: Bolsonaro e Marinor. Os dois não param de “se pegar” pelos corredores do senado desde que o STF reconheceu a legalidade e a estabilidade da relação entre homoafetivos.
Nessa briga estamos vendo de tudo, desde a leviandade de certos parlamentares que querem garantir os votos dos homoafetivos adotando um discurso pretensamente inclusivista, até as posturas panfletárias e moralistas envernizadas com uma falsa moralidade cristã adotadas por deputados conservadores que gostam de aparecer na mídia. Tudo é lixo!
Uma coisa que ninguém percebe, entretanto, é que há um equívoco na base teórica dessa discussão de parlamentares que virou “cachorrada no planalto central”. O equívoco é que estamos “mirando demasiadamente a árvore e esquecendo a floresta”, se preocupando em demasia com a parte e esquecendo o todo, destacando a peça e olvidando o conjunto.
Em tempos de integração e holismo, toda discussão exageradamente particularista é sempre infundada e egoísta. Os parlamentares envolvidos nessas querelas não passam de políticos interesseiros que estão tomando o partido dessa ou daquela bandeira com fins eleitoreiros.
Tanto o discurso de direita (homofóbico) como o de esquerda (heterofóbico) são polarizantes e beneficiam esta ou aquela parcela da sociedade em detrimento das demais. Não há aqui uma discussão teórica bem fundamentada, mas apenas uma querela política de quinta categoria que ilude os desavisados.
O alvo e o objetivo dessas discussões ridículas deveria ser o cidadão e não os adeptos desta ou daquela opção sexual. A decisão do STF que serviu para acirrar os ânimos foi, a meu ver, acertada, uma vez que visou o cidadão e o direito que a ele a constituição outorga e não a opção sexual de cada um.
O que caracteriza um regime democrático é exatamente a missão de fazer convergir os membros da sociedade, apesar das diferenças de opinião. O senhor Jair Bolsonaro e a senhora Marinor Brito com os seus ânimos exaltados (um lexotan vai bem) e os seus discursos hipócritas contribuem apenas para a cisão social e não para a unidade do povo.
Talvez fosse melhor que, com o mesmo ímpeto com que tratam as questões de opção sexual e aumento dos seus próprios salários, eles procurassem combater a corrupção em Brasília. O parlamento brasileiro, diria Proudhon, é contraditório e, portanto, toda discussão por ele promovida é contraditória e vazia de sentido.
Como pode o político corrupto discutir em bases teóricas aceitáveis aquilo que diz respeito ao processo de cidadania? Tudo é falso e encenação. Não passa de mais uma “cachorrada no planalto central”.


André Pessoa

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