Arquivo do blog

quarta-feira, 9 de março de 2011

CARNAVAL E CRISTIANISMO



CARNAVAL E CRISTIANISMO

O carnaval é a antítese do cristianismo. O reinado de Momo inverte toda a lógica cristã e subverte a ordem das coisas proposta pela igreja.
Enquanto o cristianismo louva o comedimento, o carnaval brinda o excesso. A frugalidade é o ensino cristão, a extrapolação é a tônica do carnaval.
Durante o carnaval não existe pecado e nem pecador. No carnaval “o homem é Deus”, criador, onipotente e sem limites, brindando à vida enquanto tilintam as taças cheias de prazeres.
O cristianismo prega a vida eterna, o carnaval a eternidade da vida (ainda que ela só dure quatro dias). Aquele olha para o céu, este se volta para a terra.
O carnaval subverte toda a ordem, o cristianismo se esforça por mantê-la. O cristianismo é a norma, o carnaval a reviravolta, o mundo de ponta-cabeça!
O cristianismo, platônico que é, exalta o espírito e as idéias puras. O carnaval, por sua vez, nietzscheniano em sua essência, dá ênfase a carne, ao dionisíaco e não ao apolíneo.
O carnaval é a festa do mutável, da transformação, das múltiplas faces expressas nas inúmeras fantasias. O cristianismo cultua o dogma, o imutável, o estático, a permanência.
O cristianismo é recolhimento e solidão, é retiro espiritual, é quietude monástica. O carnaval é multidão, é contato, é fusão de corpos e almas.
O carnaval é a festa daquilo que é concreto e palpável, enquanto o cristianismo honra o abstrato. O cristianismo gosta do que não vê, o carnaval se entorpece com o que toca.
Confesso que nem me empolgo demasiadamente com o carnaval e nem reverencio o cristianismo. O que eu gostaria mesmo de ver era um carnaval mais cristão e um cristianismo menos carnavalesco. Seria isso possível?

André Pessoa

Um comentário:

  1. Esse trecho peguei no blog do bispo Macedo, e se aplica a você:

    Shakespeare disse que o príncipe das trevas é gentil.

    Tem razão. O principado das trevas jamais se apresenta como um sujeito vermelho, chifrudo, burro e ignorante. Antes, de forma aristocrática, faz os cegos absorverem seus pensamentos como a areia absorve a água do mar.

    Educado, irresistível, envolvente e convincente. Assim ele tem usado as religiões, incluindo evangélicas, para estimular conformismo com as pragas infernais.

    O jeito nobre do mal faz impor suas ideias de forma sutil e delicada. Os tolos admiram e aceitam como verdadeiras.

    Com isso, forma-se "opinião", DITAM-SE REGRAS e criam-se FILOSOFIAS VÃS, de forma tal, que os miseráveis fiquem cada vez mais conformados.

    ResponderExcluir