COMO VOCÊ DESCASCA LARANJA?
Entrei no supermercado e não pude resistir à promoção de laranjas: 5kg. Por quatro R$. Depois de fazer uma rápida comparação com o preço do local onde compro habitualmente, me dirigi até o caixa feliz da vida com o pacote de laranja nas mãos.
Já em casa, a minha filha perguntou se eu pretendia abrir uma quitanda e por que eu havia comprado laranja suficiente para todo o ano de 2011. Passado o êxtase da grande promoção, notei o meu exagero.
Ontem à noite, porém, enquanto descascava uma das muitas laranjas que comprei, o meu pensamento voou até a minha distante infância. Lembrei das minhas idas à casa de uma tia e das muitas brincadeiras com os meus primos.
Em especial, lembrei-me de um dos meus primos que descascava as laranjas com perfeição, sem feri-las em hipótese alguma. Acontecesse o que acontecesse a sua mão não descuidava e no final ele exibia o seu troféu: toda a casca em uma única e espetacular tira!
Eu morria de “inveja”; o cara não titubeava em momento algum, apesar da faca de cozinha bastante amolada. O prêmio por sua perícia como descascador de laranjas era chupar a fruta sem sujar-se ou perder o caldo que comumente escorre pelas partes “feridas” de uma laranja mal descascada.
Quanto a mim, nem mesmo descascando mil laranjas consegui realizar a mesma proeza do meu primo. A faca era muito afiada, eu desajeitado e a casca da laranja excessivamente fina. Esta conjunção de fatores que não parecia incomodar o meu primo fez-me fracassar em tão importante empreendimento!
O tempo passou e o grande descascador de laranjas que foi o meu primo tornou-se um organizado e metódico corretor de seguros. Pelo visto não poderia ser diferente.
Ele é um daqueles caras que de tão organizados tornam o convívio irritante e impossível. A sua pasta é ultra-organizada, os papéis presos com clipe, as canetas separadas por cores e a agenda impecável é seguida como uma religião.
Quanto a mim, aquele que deixava as laranjas mais esburacadas do que a superfície lunar, acabei me tornando um professor extremista que não tolera a hipocrisia do falso comedimento e, como dizia uma conhecida minha, “gosta de quebrar um ovo com uma marreta”. É verdade minha amiga, é a pura verdade!
Assim como eu não conseguia poupar as laranjas, também não consigo poupar a mim e nem a ninguém ao meu redor. Quem quiser vir comigo vai ter que aprender a se familiarizar com as “laranjas mal descascadas e feridas e o caldo escorrendo por entre os dedos”.
A minha faca, quero dizer, as minhas palavras, são amoladas e cortantes. A minha mão é pesada, fere sempre, e a minha já escassa paciência é curtíssima!
Como você poder ver, o destino e a personalidade minha e do meu primo já estava predita num gesto simples e banal como era descascar laranja na infância. E você? Como descasca as laranjas?
Entrei no supermercado e não pude resistir à promoção de laranjas: 5kg. Por quatro R$. Depois de fazer uma rápida comparação com o preço do local onde compro habitualmente, me dirigi até o caixa feliz da vida com o pacote de laranja nas mãos.
Já em casa, a minha filha perguntou se eu pretendia abrir uma quitanda e por que eu havia comprado laranja suficiente para todo o ano de 2011. Passado o êxtase da grande promoção, notei o meu exagero.
Ontem à noite, porém, enquanto descascava uma das muitas laranjas que comprei, o meu pensamento voou até a minha distante infância. Lembrei das minhas idas à casa de uma tia e das muitas brincadeiras com os meus primos.
Em especial, lembrei-me de um dos meus primos que descascava as laranjas com perfeição, sem feri-las em hipótese alguma. Acontecesse o que acontecesse a sua mão não descuidava e no final ele exibia o seu troféu: toda a casca em uma única e espetacular tira!
Eu morria de “inveja”; o cara não titubeava em momento algum, apesar da faca de cozinha bastante amolada. O prêmio por sua perícia como descascador de laranjas era chupar a fruta sem sujar-se ou perder o caldo que comumente escorre pelas partes “feridas” de uma laranja mal descascada.
Quanto a mim, nem mesmo descascando mil laranjas consegui realizar a mesma proeza do meu primo. A faca era muito afiada, eu desajeitado e a casca da laranja excessivamente fina. Esta conjunção de fatores que não parecia incomodar o meu primo fez-me fracassar em tão importante empreendimento!
O tempo passou e o grande descascador de laranjas que foi o meu primo tornou-se um organizado e metódico corretor de seguros. Pelo visto não poderia ser diferente.
Ele é um daqueles caras que de tão organizados tornam o convívio irritante e impossível. A sua pasta é ultra-organizada, os papéis presos com clipe, as canetas separadas por cores e a agenda impecável é seguida como uma religião.
Quanto a mim, aquele que deixava as laranjas mais esburacadas do que a superfície lunar, acabei me tornando um professor extremista que não tolera a hipocrisia do falso comedimento e, como dizia uma conhecida minha, “gosta de quebrar um ovo com uma marreta”. É verdade minha amiga, é a pura verdade!
Assim como eu não conseguia poupar as laranjas, também não consigo poupar a mim e nem a ninguém ao meu redor. Quem quiser vir comigo vai ter que aprender a se familiarizar com as “laranjas mal descascadas e feridas e o caldo escorrendo por entre os dedos”.
A minha faca, quero dizer, as minhas palavras, são amoladas e cortantes. A minha mão é pesada, fere sempre, e a minha já escassa paciência é curtíssima!
Como você poder ver, o destino e a personalidade minha e do meu primo já estava predita num gesto simples e banal como era descascar laranja na infância. E você? Como descasca as laranjas?
André Pessoa
Me vi neste texto onde você conta da competição em descascar laranjas, ainda hoje não consigo essa façanha (risos) mas para não ficar triste, aprendi a cortar a laranja ao invés de descasca-la. No caminhar da vida é assim mesmo, não é? Cada ser tem suas habilidade e não deixam de ter seus méritos. Deus criou o homem sua imagem e semelhança porém fez cada um com sua particularidade.
ResponderExcluirAss. Ana