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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

DEZ LIÇÕES SOBRE A POLÍTICA NO BRASIL




DEZ LIÇÕES SOBRE POLÍTICA NO BRASIL


LIÇÃO 1 : O CRIME COMPENSA

A campanha eleitoral para deputados, senadores e governadores colocou por terra o antigo ditado popular que diz que “o crime não compensa”. Quando o assunto é política brasileira o crime compensa. As vitórias de Garotinho no Rio de Janeiro, Roseana Sarney no Maranhão, Weslian Roriz (para o segundo turno) em Brasília e a quase eleição de Collor em Alagoas o demonstram. Isso pra não falar em muitos outros candidatos de comportamento duvidoso dentro e fora de Pernambuco.


LIÇÃO 2: O ELEITOR BRASILEIRO É DESPOLITIZADO


A forma ingênua e superficial como o eleitor brasileiro lida com a política demonstra o seu alto grau de despolitização. Uma prova disso são os motivos fúteis apresentados pelos eleitores para escolher este ou aquele candidato. Os eleitores brasileiros ainda colaboram e aprovam as políticas assistencialistas que desgastam o cenário político brasileiro e tornam a política nacional decadente e infrutífera. O brasileiro em geral nada conhece sobre teoria política, ética política ou mesmo as relação entre política e cidadania. Nosso povo – digo isso com tristeza – é analfabeto político!


LIÇÃO 3: O ELEITOR BRASILEIRO ESTÁ REVOLTADO


É uma revolta burra, mas é uma revolta. A palhaçada, quero dizer, a eleição de Tiririca, é um sintoma da revolta e do descrédito da política brasileira para o eleitor. Aliás, o Tiririca é uma boa metáfora para a política brasileira: uma palhaçada. Quando um palhaço que nada sabe de política é o candidato mais bem votado do país com 1.400.000 votos é sinal que a política brasileira está na UTI. A supervotação de Tiririca é uma vergonha tão grande para o país que até os meios de comunicação ficam reticentes em noticiá-la.


LIÇÃO 4: JESUS É BOM DE URNA


A quantidade de votos obtida pelo midiático Pr. Cleyton Collins e pelo desconhecido Presbítero Adalto da Igreja Evangélica Assembléia de Deus mostra que a igreja continua sendo um ótimo curral eleitoral. “Em nome de Jesus” ainda é possível eleger com votos de sobra vários candidatos à Câmara Estadual. O grande problema é que a bancada de deputados evangélicos dentro do nosso estado e lá em Brasília não é nada cristã. “Vota pra Jesus, vota!”.


LIÇÃO 5: O POLÍTICO É UMA CAMALEÃO


Me surpreendi ao ouvir a Dilma dizer em sua primeira entrevista depois de confirmado o segundo turno das eleições que usaria o tempo que terá de propaganda para esclarecer e detalhar melhor alguns pontos da sua proposta de governo. De repente a melhor invenção de Lula (Dilma) teve um ataque de clareza; justamente ela que tentou ganhar a eleição já no primeiro turno sem esclarecer coisa nenhuma, mas apenas se fiando no apoio de Lula. Foi uma rápida mudança de estratégia do PT não acham? Pelo visto algo não vai muito bem.


LIÇÃO 6: QUEM TEM A MÍDIA E A MÁQUINA TEM TUDO

Com algumas raras exeções, os candidatos mais bem sucedidos nessa campanha não foram os melhores, mas os mais comerciais e aqueles que tinham a máquina do governo em saus mãos. Quem teve dinheiro para gastar com propaganda e produção de imagem pública foi eleito. Um exemplo disso foi a eleição para o senado do simpático usineiro Armando Monteiro em primeiro lugar e do médiocre ex-ministro da saúde Humberto Costa.


LIÇÃO 7: AS PESQUISAS DE OPINIÃO INFLUENCIAM O ELEITORADO

Ficou bastante claro nessas eleições que as pesquisas de opinião modelam as intenções de voto quando divulgadas na mídia. O simples fato de publicar uma pesquisa de opinião pode favorecer ou não um ou outro candidato. Por quê? Muito simples: o brasileiro não gosta de “perder” o voto, por isso vota em quem está na frente nas pesquisas ou em quem está em ascensão. Perceba que o resultado da eleição presidencial foi exatamente aquele projetado pelos grandes institutos de pesquisa. Felizes os políticos bem relacionados com os institutos de pesquisa.


LIÇÃO 8: O ELEITOR BRASILEIRO CONFUNDE CELEBRIDADE COM POLÍTICO

Os eleitores brasileiros simplesmente não conseguem discernir entre uma celebridade e um político. Não estranhe se o Ronaldo se candidatar a senador na próxima eleição. Túlio Maravilha, Danrley (ex-goleiro do Grêmio) e o supervotado Romário (“meu peixe”) são alguns exemplos da confusão existente entre celebridades e políticos. Isto significa que o eleitor brasileiro não verifica em hipótese alguma as credenciais políticas dos candidatos que escolhe, apenas vota nos seus ídolos.


LIÇAÕ 9: POLÍTICA É MEIO DE VIDA NO BRASIL


Ingressar na carreira política no Brasil ainda é considerada uma alternativa à decadência e uma forma de garantir um futuro tranquilo com certa estabilidade e um bom salário. Não é sem motivo que tantas figuras decadentes como Reginaldo Rossi , Gretchen e outros se candidatam à cargos políticos com os quais não possuem nenhuma afinidade. Concurso público é bem mais difícil não acham?


LIÇÃO 10: A POLÍTICA PODE SER UMA VITRINE PARA OS PEQUENOS

Nessas eleições ficou provado que os pequenos, quando são inteligentes, podem se promover através de uma candidatura à cargo público e uma campanha eleitoral visível. Este foi o caso de Plínio do P-Sol e de Marina do PV. Ambos ficaram muito felizes com os seus desempenhos na campanha para presidente e se consideraram vitoriosos apesar da derrota nas urnas. Eles conseguiram algo muito importante no mundo midiático: se tornaram conhecidos do eleitorado, “venderam” bem as suas imagens.

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