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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

HIGH SCHOOL




HIGH SCHOOL


Existe um tipo de produto que é tipicamente americano. Não me refiro a calça jeans, tão popularizada por James Dean e tão bem acolhida por boa parte do mundo ocidental, trata-se da high school. A high school, assim como o humor americano, são como um espelho no qual a estátua da liberdade se contempla e se penteia deslumbrada com a sua própria beleza.
Parece que só os americanos conseguem rir com certas piadas e ficar extasiados com filmes que sempre terminam com discursos emocionados proferidos durante a colação de grau de estudantes que embora tenham passado o ano inteiro em festinhas se drogando e fazendo sexo conseguem se formar.
Ah, é bom também não esquecer dos chapéus jogados para o ar, do casal apaixonado que se beija no último momento, do filho que se reconcilia com o pai e da piscina com plataforma que fica ao fundo da cena. O que faz a cultura americana ser um lixo é a previsibilidade!
A high school, assim como o Mcdonalds e a coca-cola, é mais um produto de exportação yanque, porém com um gosto ruim, um gostinho de besteirol. A pior coisa que nos acontece depois de assistir esse tipo de programa é a sensação de que perdemos o nosso precioso e raro tempo. Pior do que high school só a Hannah Montana!
A estória é sempre a mesma: grupos de rapazes loiros, de olhos azuis e maníacos sexuais disputam meninas levianas igualmente loiras que são espionadas promiscuamente através de algum buraco na parede do banheiro enquanto tomam banho ou trocam de roupa à medida que conversam sobre futilidades.
É bom não esquecer também da cena em que uma garota loira e gostosona mostra um par de peitos do tamanho de bolas de basquete a um sujeito donzelo e sardento que usa uns óculos de fundo de garrafa. É óbvio que o garoto de óculos de fundo de garrafa tem dois amigos igualmente donzelos que colecionam revistas playboy, comem muito chocolate e usam camisas de times de futebol americano.
Algo também muito comum na high school são as cenas de brigas que sempre acontecem nos corredores da escola enquanto os alunos guardam os seus pertences em armários que só Deus sabe por que estão nos corredores do colégio. Do lado de fora da escola, carros luxuosos e enormes param diante de grandes escadarias em cujo centro fica um mastro onde tremula a bandeira norte-americana. Aliás, a bandeira dos Estados Unidos aparece mais nos filmes do que os atores principais.
Quanto aos professores, são sempre exageradamente eruditos, possuem um grau de instrução estratosférico e citam trechos e mais trechos de Shakespeare décor. Os referidos mestres, que citam obras famosas com a mesma simplicidade de quem canta “atirei o pau no gato”, sempre possuem um controle total sobre a turma que assiste às aulas educada e silenciosamente.
As salas de aula não são bem salas de aula, são grandes auditórios em cujas paredes repousam estupendos mapas mundis, telas de projeção e um esqueleto humano com ossos bem polidos que curiosamente parece estar sorrindo. É bom também não esquecer do cara que senta na fila de trás e joga uma bola de papel na cabeça do amigo logo à frente. Qualquer semelhança com a malhação terá sido mera coincidência!
São comuns também as camisas de times de futebol americano que só os próprios americanos conhecem e os casais fazendo um pic-nic sem graça embaixo de árvores que ficam em grandes parques e comendo sanduíches de sabores repugnantes do tipo patê de amendoim. Acho que tem certas comidas como patê de amendoim e suco de groselha que só os americanos gostam.
Também não podemos deixar de lembrar-se das cenas onde todos os alunos se reúnem num grande balé ao ar livre no melhor estilo Broadway e cantam uma música ridícula cuja letra idiota aparece em uma legenda para que eu e você, ainda não devidamente imbecilizados, constatemos com certo espanto que a canção não faz qualquer sentido. É que as letras das músicas americanas de tão fúteis tornam-se ininteligíveis.
Quanto lixo vem da América! Por quanto tempo teremos ainda que estudar na escola de Reagan, Bush, Stallone e outros espécimes próprios da terra do hambúrguer? Por quanto tempo ainda será preciso importar e assistir tanta porcaria produzida nesse império decadente? Que venham os chineses!

André Pessoa

Um comentário:

  1. Andre, eu so não concordo quando você disse que somente americanos riem com as suas piadas. Para falar a verdade eu acho que nem eles riem, pois eles não têm essa capacidade. O caso é que nos programas de TV existem as claquetes, que são as vozes de fundo gravadas previamente. Por isso se torna, digamos assim, engraçado, pois o americano consegui enlatar a risada.

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