O MUNDO VAI ACABAR EM 2012?
Uma conhecida minha, numa conversa bastante informal durante um café, perguntou-me se eu estava sabendo que o mundo iria acabar em 2012? “É verdade”, disse ela, “uma grande onda vai acabar com tudo, inclusive com o Recife”.
Antes de falar qualquer coisa, pensei comigo mesmo: não precisa de tsunami nenhum para acabar com o Recife, basta meia dúzia de políticos ruins e mal intencionados.
A minha amiga falava de 2012 com a convicção de quem estava se referindo a uma hipótese científica recém comprovada por experiências laboratoriais.
Penso até que ela já havia colocado o seu apartamento em boa viagem (posição pouco privilegiada em caso de tsunamis) à venda e comprado uma casa no planalto central.
Eu não nego o fato de que mudanças ambientais estão em processo no nosso planeta, mas gostaria de lembrar que isso não é nada novo. A configuração da terra já mudou muitas vezes durante as eras geológicas.
Muitos territórios litorâneos foram submersos e outros voltaram à superfície por ocasião das glaciações (regressão marinha) e dos períodos interglaciais (transgressão marinha). O mar vai e volta há muito tempo minha cara amiga!
Só para você ter uma idéia, houve uma época em que o Japão estava colado na costa leste da Ásia e o Reino Unido na costa oeste do continente europeu. Quanto às catástrofes naturais, sempre ocorreram.
Erupções vulcânicas seguidas de tsunamis destruíram as Ilhas de Java e de Tera no passado. Ondas de 30 metros de altura já despencaram sobre os nipônicos no século XIX causando o empalamento de muita gente*.
A expectativa de que alguma grande catástrofe natural irá se abater sobre o nosso planeta é o resultado de duas coisas: da consciência que o homem tem de que provocou o desequilíbrio ambiental e do sensacionalismo tão comum na transição entre um milênio e outro.
Uma coisa que me chamou à atenção quando resolvi vasculhar os sites que fazem algum comentário sobre as badaladas profecias maias sobre 2012 foi a mistura e a confusão de idéias.
Tem gente tentando conectar o inconectável. Um dos sites que li, em seus artigos nitidamente esquizofrênicos, relacionava as profecias maias sobre 2012 com o livro das mutações chinês ( I Ching) e as estórias acerca de Merlin, o mago do ciclo arthuriano.
Eu nunca vi tanta bobagem junta na minha vida. Quem consegue essa proeza de juntar maias, cultura chinesa e Merlin, seria capaz de unir a torcida do Palmeiras com a do Corinthians e a do Sport com a do Santa Cruz!
Minha amiga, por favor, escute-me: o mundo não vai acabar, somos nós que vamos acabar com ele. A destruição, porém, não virá do mar nem dos céus, mas dos homens ávidos por dinheiro e poder.
Quanto às coisas cujo controle está fora das nossas possibilidades, não adianta se preocupar com elas. No que diz respeito às profecias maias, ainda faltam mais de dois anos pela frente; é muita cerveja pra tomar!
André Pessoa
empalamento: Forma de tortura e execução usada pelos antigos assírios que consistia em introduzir uma estaca no ânus do indivíduo empurrando-a até que saísse pela boca. O termo é usado figuradamente no texto e se refere ao fato de que por ocasião dos tsunamis muitas pessoas morriam atingidas por destroços pontiagudos trazidos violentamente pela correnteza.
Uma conhecida minha, numa conversa bastante informal durante um café, perguntou-me se eu estava sabendo que o mundo iria acabar em 2012? “É verdade”, disse ela, “uma grande onda vai acabar com tudo, inclusive com o Recife”.
Antes de falar qualquer coisa, pensei comigo mesmo: não precisa de tsunami nenhum para acabar com o Recife, basta meia dúzia de políticos ruins e mal intencionados.
A minha amiga falava de 2012 com a convicção de quem estava se referindo a uma hipótese científica recém comprovada por experiências laboratoriais.
Penso até que ela já havia colocado o seu apartamento em boa viagem (posição pouco privilegiada em caso de tsunamis) à venda e comprado uma casa no planalto central.
Eu não nego o fato de que mudanças ambientais estão em processo no nosso planeta, mas gostaria de lembrar que isso não é nada novo. A configuração da terra já mudou muitas vezes durante as eras geológicas.
Muitos territórios litorâneos foram submersos e outros voltaram à superfície por ocasião das glaciações (regressão marinha) e dos períodos interglaciais (transgressão marinha). O mar vai e volta há muito tempo minha cara amiga!
Só para você ter uma idéia, houve uma época em que o Japão estava colado na costa leste da Ásia e o Reino Unido na costa oeste do continente europeu. Quanto às catástrofes naturais, sempre ocorreram.
Erupções vulcânicas seguidas de tsunamis destruíram as Ilhas de Java e de Tera no passado. Ondas de 30 metros de altura já despencaram sobre os nipônicos no século XIX causando o empalamento de muita gente*.
A expectativa de que alguma grande catástrofe natural irá se abater sobre o nosso planeta é o resultado de duas coisas: da consciência que o homem tem de que provocou o desequilíbrio ambiental e do sensacionalismo tão comum na transição entre um milênio e outro.
Uma coisa que me chamou à atenção quando resolvi vasculhar os sites que fazem algum comentário sobre as badaladas profecias maias sobre 2012 foi a mistura e a confusão de idéias.
Tem gente tentando conectar o inconectável. Um dos sites que li, em seus artigos nitidamente esquizofrênicos, relacionava as profecias maias sobre 2012 com o livro das mutações chinês ( I Ching) e as estórias acerca de Merlin, o mago do ciclo arthuriano.
Eu nunca vi tanta bobagem junta na minha vida. Quem consegue essa proeza de juntar maias, cultura chinesa e Merlin, seria capaz de unir a torcida do Palmeiras com a do Corinthians e a do Sport com a do Santa Cruz!
Minha amiga, por favor, escute-me: o mundo não vai acabar, somos nós que vamos acabar com ele. A destruição, porém, não virá do mar nem dos céus, mas dos homens ávidos por dinheiro e poder.
Quanto às coisas cujo controle está fora das nossas possibilidades, não adianta se preocupar com elas. No que diz respeito às profecias maias, ainda faltam mais de dois anos pela frente; é muita cerveja pra tomar!
André Pessoa
empalamento: Forma de tortura e execução usada pelos antigos assírios que consistia em introduzir uma estaca no ânus do indivíduo empurrando-a até que saísse pela boca. O termo é usado figuradamente no texto e se refere ao fato de que por ocasião dos tsunamis muitas pessoas morriam atingidas por destroços pontiagudos trazidos violentamente pela correnteza.
..."é muita cerveja pra tomar".
ResponderExcluirAinda bem que eu bebo super pouco, ou talvez eu me acabasse antes do mundo, antes da cerveja ou ainda, acabasse com a cerveja do mundo.
Comamos e bebamos.