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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

DESERTO


DESERTO

Foi-se o rapaz em direção ao deserto, queria fugir do mundo, morrer ali, no silêncio, longe do mundo que o feriu.
Escolheu uma árvore e deitou-se reclinado encostando-se ao seu tronco. Paradoxalmente os pássaros cantavam inebriados como se a hora do rapaz ainda não houvesse chegado.
Notou uma súbita presença ao seu lado, mas sem forças para Fita-la voltou a dormir. O corpo luminoso que se aproximara tocou-o levemente no ombro.
Buscando forças no fundo da alma mirou a silhueta fosforescente. Mas nem o sobrenatural o fez se pôr de pé dessa vez.
De novo dirigiu-se a ele a luminescente presença sugerindo-o que se pusesse de pé dizendo-lhe: “levanta-te, pois o teu caminho é longo e só está no começo”.
Pôs-se o rapaz em pé, limpou a poeira da roupa e a tristeza da alma. Abriu bem os olhos e viu a linha do horizonte que se perdia à sua frente.
Movido por uma força que vinha não se sabe de onde, o rapaz voltou a caminhar e os seus passos eram firmes como quem sabia para onde estava indo!

André Pessoa

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