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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

COMO ZAQUEU?



COMO ZAQUEU?


No primeiro dia de aula do curso de História do Cristianismo numa instituição teológica onde ensino, digo aos meus alunos que não existem duas Histórias: uma sagrada (da igreja) e outra profana (da sociedade).
Essa divisão é meramente didática e não corresponde a realidade. O cristianismo influenciou o mundo e foi influenciado por ele. A religião cristã não se desenvolveu a parte da sociedade, numa estufa.
A história do mundo é a história da religião; ao lado da consciência humana nasceu o sentimento religioso. Os sacerdotes são velhos como velho é o mundo.
Contudo, cada vez que os limites entre o sagrado e o profano são transpostos publicamente e essas duas esferas se “misturam” a polêmica é gerada. Para o senso comum, sagrado e profano são como água e óleo, possuem densidades diferentes, não podem se misturar.
Talvez por esse motivo a música “faz um milagre em mim” composta por Regis Danese e ousadamente regravada em ritmo dançante pelo forródomuido tenha gerado tanta discussão.
A composição é um hit evangélico executado com muita freqüência nos cultos protestantes, fato que deixa perplexo os que a escutam em ritmo de forró tocado em eventos que nem de longe cheiram a religião.
Alguns são da opinião de que não se deve misturar religião com entretenimento. Outros acham essa mistura perfeitamente normal já que os próprios evangélicos ultimamente têm assumido posturas bem mais ousadas do que antes.
E você, o que acha dessa mistura entre sagrado e profano? É possível essa união? O grupo referido deveria ou não ter gravado a música?
Antes de você analisar o caso, fazer um julgamento e se posicionar quanto ao assunto é bom lembrar que essa mistura entre sagrado e profano não é nova no mundo da música.
Os primeiros sucessos do lendário rei do rock americano Elvis Presley tinham letras golpels. Alusões à bíblia e aos evangelhos eram comuns nas músicas desse grande astro.
Agora, porém, o que está acontecendo é exatamente o caminho inverso: não é o religioso que está se tornando “profano”, é o “profano” virando religioso. Deus está vivo, foi Nietzsche que não percebeu!

André Pessoa

Um comentário:

  1. Bem,
    nada contra os hits serem cantados por bandas profanas. A hipocrisia fica por conta deles. :D
    .

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