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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O MEDO


O MEDO


O medo é algo comum ao ser humano. Em certo sentido, é até necessário que ele exista dentro de certos limites. Isto porque o medo, em alguns casos, serve para a própria preservação do homem.
Sem uma certa dose de medo as pessoas ficam demasiadamente ousadas e trocam a lucidez da prudência pela loucura da insensatez. Retroceder, portanto, não é sempre sinal de fraqueza e covardia, mas também indício de sabedoria em determinadas situações.
Entretanto, o medo que assola as pessoas do mundo contemporâneo é doentio e, muitas vezes, fruto do egoísmo que fundamenta a maioria das ações e projetos humanos. Ele é também o reflexo da insegurança e da destruição de todas as certezas.
Onde não há certeza e confiança só resta o medo, esse monstro que assola milhares de corações e se alimenta das nossas próprias inconsistências.
As maiores vítimas do medo são as pessoas superficiais, inconstantes, desconfiadas e infiéis. O pavor é irmão da mesquinhez!
O medo doentio é a expressão máxima do egoísmo. O homem assustado quer cuidar de si mesmo e fecha-se em casa tentando se proteger daquilo que lhe é impossível proteger-se.
As portas de uma casa, no entanto, não são capazes de reter o mal do lado de fora. Daí ser loucura enclausurar-se, fechar-se, tentar fugir da realidade.
O mal, combustível que alimenta o medo, não está fora de nós e sim em nosso interior. Quem está do lado de fora são os ladrões, os assassinos, as epidemias e as guerras, mas não o medo em si.
O medo aloja-se dentro de cada um e, dessa forma, a pessoa afligida por ele o carrega aonde for. Por esse motivo, ele assola o rico que mora na mansão com cerca eletrificada e também o pobre que não tem o que comer.
Qual a melhor forma de vencer o medo? Você perguntaria. Amar, respondo eu. Vencemos o medo se preocupando com o outro, vivendo para ele, amando-o.
Quem ama ao próximo não perde muito tempo consigo mesmo e nem tem motivos para temer. O medo é o companheiro dos individualistas.
Por amor os mártires são queimados vivos cantando em meio às chamas, os médicos trabalham entre os doentes apesar da possibilidade de contaminação, os milionários transformam-se em monges e se mudam para mosteiros e etc.
Por amor, o nazareno foi crucificado e intercedeu pelos seus algozes. Em nome do amor e do sonho os mundos foram criados e o universo movimenta-se numa dança rítmica, frenética e interminável.
“O amor lança fora o medo”, diz um antigo e sábio livro ao qual ninguém dá mais a devida importância, talvez porque não sejam capazes de amar como o seu autor amou.
O medo, para usar a linguagem matemática, é inversamente proporcional ao amor, onde um cresce o outro diminui, onde um entra o outro sai!
Felizes os que são capazes de amar, pois nada têm a temer.

André Pessoa



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