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sábado, 22 de agosto de 2009

AS APARÊNCIAS ENGANAM


AS APARÊNCIAS ENGANAM


Alguns filósofos gregos do mundo antigo acreditavam que não deveríamos confiar no conhecimento obtido através dos sentidos. Os sentidos, diziam eles, enganam e nos fazem tomar as sombras das coisas pela realidade.
No decorrer dos anos este postulado filosófico vestiu as roupas do senso comum e se transformou em “AS APARÊNCIAS ENGANAM”. Gostemos ou não de Sócrates, Platão e companhia limitada, temos que admitir que às vezes as aparências de fato nos enganam.
Na semana passada eu dirigia apressado por uma via muito movimentada da nossa cidade quando ao mudar de faixa acabei trancando sem querer um motoqueiro que vinha ao lado. Ele buzinou furiosamente e pareceu não ter ficado nada satisfeito com o incidente.
Depois do ocorrido acelerei e segui o meu caminho normalmente mesmo percebendo que o motoqueiro vinha rapidamente se aproximando em minha direção. Dois semáforos fechados fizeram com que ele ficasse um pouco para trás, mas minutos depois estava de novo no meu encalço.
Cada vez que eu olhava pelo retrovisor percebia a rápida aproximação do motoqueiro e me preparava para o pior. Comecei a me lembrar dos muitos casos de assassinatos que ocorreram depois de discussões acaloradas no trânsito e fui pensando no que faria se fosse abordado.
Acompanhei calmamente com os olhos a aproximação do motoqueiro para não perdê-lo de vista e estar preparado na hora em que se aproximasse. Seu capacete preto e a viseira levantada deixando entrever os óculos escuros davam à cena um toque de filme policial.
Foi então que o sinal bem a minha frente ficou vermelho e eu vi a moto avançar os últimos vinte metros e parar ao meu lado. Com uma mão me preparei para soltar o sinto de segurança e com a outra segurei no trinco da porta (fora do carro eu teria mais chance!).
Depois de parar ao lado do meu carro e quase roçar a moto na porta do carona, o rapaz de semblante grave e óculos escuros, virou a cabeça para mim, olhou-me diretamente nos olhos e disse para minha total surpresa: “a sua porta está aberta”.
Verifiquei com assombro que a porta do carona estava destravada e voltei a fechá-la. Agradeci educadamente como se nada tivesse ocorrido lá atrás e vi o sinal abrir e o motoqueiro ir embora apressadamente desaparecendo no “rio de carros” que escorria lentamente bem diante dos meus olhos. AS APARÊNCIAS ENGANAM!

André Pessoa



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