VESTIBULAR E APOCALIPSE

Eu, André Pessoa, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, achei-me no vestibular 2009, e vi as coisas que em breve deverão acontecer e passo a vos contar a revelação.
“Não ficará pedra sobre pedra!”, disse a voz de trovão que ecoou nos quatro cantos do estado vinda da UFPE. Embora estridente, a voz era confusa chegando a desnortear até mesmo os mais experientes em vestibular.
As palavras que emanavam do mundo acadêmico transtornaram as criaturas que habitavam os pré-vestibulares, de alunos a professores. Os primeiros porque nunca haviam ouvido falar em metade do programa do ENEM, os outros porque se especializaram demasiadamente e não consideraram o chamado para se arrependerem e confessarem a multiculturalidade e a perspectiva interdisciplinar.
O mundo está em ruínas, os cursos alternativos triunfaram , é a vingança do CAC que vocês tanto chamaram de centro de AIDS e contaminação! Vistam suas roupas exóticas, assistam filmes poloneses, relembrem woodstock, tornem-se percursionista de um maracatu rural e leiam Michel Foucault, pois o fim está próximo.
Por falar nisso alguém pode me dizer o que é “linguagem corporal como integradora social e formadora de identidade”? Não chore ainda fera, há uma esperança: pense nos Enems passados, nas generalidades, nas questões de fácil resolução, naquele quesito que você acertou porque assistiu na noite anterior o William Bonner e a Fátima Bernardes no Jornal Nacional.
Vi também emergir da reitoria da UFPE uma besta (chamada ENEM) que tinha 180 questões e uma redação. A besta que vi era semelhante a um monstro que para ser vencido exigia preparo intelectual, leitura vasta e muita resistência física e psicológica.
Quando o primeiro anjo tocou a trombeta e abriu o sétimo selo as fórmulas sumiram, as datas se desfizeram e as disciplinas se misturaram. Fiquei pasmo e aterrado pelas coisas que vi e pelas que não verei até o dia da prova. Clamem vestibulandos, talvez ainda haja esperança, pois o dia do juízo está próximo e nele haverá choro e ranger de dentes!
André Pessoa