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sábado, 29 de junho de 2013

BRASÍLIA EM CHAMAS

               
Quando vi dias atrás uma multidão tentando atear fogo no Palácio do Itamaraty, em Brasília, tive a plena convicção que o Brasil havia acordado movido por intenso sentimento de indignação. É muito simplória a divisão maniqueísta feita pela TV entre os que protestam de verdade e os baderneiros: o povo indignado sempre foi considerado transgressor pelas autoridades.
                Não obstante existirem bandidos e saqueadores que sendo meros ladrões se aproveitam da situação política para dar vazão a sua inclinação para o roubo e para o crime, protestos que seguem manuais de bom comportamento e de etiqueta não são protestos. Os políticos corruptos e os governantes obstinados não compreendem outra linguagem senão a da força.
                 Aliás, não são os manifestantes que estão na rua que estão destruindo qualquer coisa, mas os políticos brasileiros. Foram eles que, ignorando o respeito, o bom senso, a ética e a vergonha na cara, levaram o nosso país a essa situação. A conta dos estragos deve ser apresentada a Genoíno, Dirceu, Sarney, Collor de Melo e outros mais que ainda estão por aí. 
                Como antigas hordas que se preparavam para a guerra, manifestantes dançaram ao redor de fogueiras feitas no gramado bem cuidado do Palácio do Itamaraty. E quem fez tudo isso? E quem deve ser culpado pelos estragos? Resposta: a atitude pervertida dos nossos políticos!
                Eles julgaram equivocadamente que jamais seriam impedidos pelo povo de praticarem os seus desmandos insensatos e debochados. O símbolo do deboche dos políticos brasileiros e da forma como eles lidam com a coisa pública está estampada no comportamento cínico de gente como Paulo Maluf. Bem que ele poderia ser o próximo encarcerado!
                Maluf com o seu cinismo característico convence os incautos que se o político fizer obras públicas ele tem o direito de roubar: eis aí uma grande e perversa mentira. Os políticos são escolhidos pelo povo para representá-lo e não para roubá-lo. O problema é que no Brasil o corrupto “experto” (que não é pego) é considerado uma espécie de herói pelo senso comum.
                Contudo, ao contrário do que pensavam os governantes e políticos que fizeram uma verdadeira farra com o dinheiro público, o povo não era um vulcão extinto e sim em silenciosa, mas constante atividade. O vulcão, entretanto, entrou em erupção e nada vai detê-lo enquanto todo o magma da indignação não escorrer ladeira abaixo purificando a pátria amada Brasil!
                Como se toda a perversidade do mundo não bastasse, militantes do já defunto PT, incitados pelo ex-mito Lula, resolveram num ato ensandecido sair às ruas e fazer tremular bandeiras vermelhas em meio à multidão como se o próprio PT não fosse um dos protagonistas dos escândalos políticos em nosso país. Não somos idiotas senhores!
                Quase uma profanação é falar a essas alturas em “onda vermelha” ou em movimento “volta Lula”. Só não tendo memória para esquecer que foi a “onda vermelha” que causou esse tsunami de corrupção e que Genoíno, Delúbio e Dirceu são crias de Lula. Ninguém aguenta mais tanto cinismo!
                Agora já está se falando de “racha” dentro do PT. Não é preciso ser profeta para prever o próximo passo: Dilma é sacrificada como bode expiatório no altar sangrento petista e um coro de vozes saudosistas e perversas pede a volta de Lula numa espécie de queremismo que acreditávamos ter morrido com Getúlio Vargas.
                Outro interessante fenômeno quase milagroso que tem ocorrido nos últimos dias é a quase “conversão” da água para o vinho de políticos notoriamente corruptos e descomprometidos com a sociedade que se “transformaram” do dia para a noite em arautos das causas populares. O que não faz uma grande manifestação pública hem?
                O Alckmin, que do alto de sua arrogância, explicava no início dos protestos que não tinha de onde tirar verbas para subsidiar a diminuição do preço das passagens, agora faz muitas concessões. Quanto a Renan Calheiros, recebe líderes populares no senado para discutir as reivindicações da população; coisa que nunca fez ao longo de sua vida política. Chega de demagogia!
                Estou convencido de que nem mesmo o passe livre, o arquivamento da PEC 37 e a prisão de meia dúzia de deputados e senadores corruptos resolverá o problema do Brasil. Algo mais profundo precisa ser feito. É preciso banir o ethos da mentira, o vírus da corrupção, a maldição do jeitinho brasileiro, começar tudo de novo, do zero, pois o que está aí é irrecuperável.
                                                                                                                                   André Pessoa
                  
                  


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