BRASÍLIA EM CHAMAS
Quando
vi dias atrás uma multidão tentando atear fogo no Palácio do Itamaraty, em Brasília,
tive a plena convicção que o Brasil havia acordado movido por intenso
sentimento de indignação. É muito simplória a divisão maniqueísta feita pela TV
entre os que protestam de verdade e os baderneiros: o povo indignado sempre foi
considerado transgressor pelas autoridades.
Não
obstante existirem bandidos e saqueadores que sendo meros ladrões se aproveitam
da situação política para dar vazão a sua inclinação para o roubo e para o
crime, protestos que seguem manuais de bom comportamento e de etiqueta não são
protestos. Os políticos corruptos e os governantes obstinados não compreendem
outra linguagem senão a da força.
Aliás, não são os manifestantes que estão na
rua que estão destruindo qualquer coisa, mas os políticos brasileiros. Foram
eles que, ignorando o respeito, o bom senso, a ética e a vergonha na cara,
levaram o nosso país a essa situação. A conta dos estragos deve ser apresentada
a Genoíno, Dirceu, Sarney, Collor de Melo e outros mais que ainda estão por aí.
Como
antigas hordas que se preparavam para a guerra, manifestantes dançaram ao redor
de fogueiras feitas no gramado bem cuidado do Palácio do Itamaraty. E quem fez
tudo isso? E quem deve ser culpado pelos estragos? Resposta: a atitude pervertida
dos nossos políticos!
Eles
julgaram equivocadamente que jamais seriam impedidos pelo povo de praticarem os
seus desmandos insensatos e debochados. O símbolo do deboche dos políticos
brasileiros e da forma como eles lidam com a coisa pública está estampada no
comportamento cínico de gente como Paulo Maluf. Bem que ele poderia ser o
próximo encarcerado!
Maluf
com o seu cinismo característico convence os incautos que se o político fizer
obras públicas ele tem o direito de roubar: eis aí uma grande e perversa
mentira. Os políticos são escolhidos pelo povo para representá-lo e não para roubá-lo.
O problema é que no Brasil o corrupto “experto” (que não é pego) é considerado
uma espécie de herói pelo senso comum.
Contudo,
ao contrário do que pensavam os governantes e políticos que fizeram uma
verdadeira farra com o dinheiro público, o povo não era um vulcão extinto e sim
em silenciosa, mas constante atividade. O vulcão, entretanto, entrou em erupção
e nada vai detê-lo enquanto todo o magma da indignação não escorrer ladeira
abaixo purificando a pátria amada Brasil!
Como
se toda a perversidade do mundo não bastasse, militantes do já defunto PT,
incitados pelo ex-mito Lula, resolveram num ato ensandecido sair às ruas e
fazer tremular bandeiras vermelhas em meio à multidão como se o próprio PT não
fosse um dos protagonistas dos escândalos políticos em nosso país. Não somos
idiotas senhores!
Quase
uma profanação é falar a essas alturas em “onda vermelha” ou em movimento
“volta Lula”. Só não tendo memória para esquecer que foi a “onda vermelha” que
causou esse tsunami de corrupção e que Genoíno, Delúbio e Dirceu são crias de
Lula. Ninguém aguenta mais tanto cinismo!
Agora
já está se falando de “racha” dentro do PT. Não é preciso ser profeta para
prever o próximo passo: Dilma é sacrificada como bode expiatório no altar
sangrento petista e um coro de vozes saudosistas e perversas pede a volta de
Lula numa espécie de queremismo que acreditávamos ter morrido com Getúlio
Vargas.
Outro
interessante fenômeno quase milagroso que tem ocorrido nos últimos dias é a quase
“conversão” da água para o vinho de políticos notoriamente corruptos e
descomprometidos com a sociedade que se “transformaram” do dia para a noite em
arautos das causas populares. O que não faz uma grande manifestação pública
hem?
O
Alckmin, que do alto de sua arrogância, explicava no início dos protestos que
não tinha de onde tirar verbas para subsidiar a diminuição do preço das
passagens, agora faz muitas concessões. Quanto a Renan Calheiros, recebe
líderes populares no senado para discutir as reivindicações da população; coisa
que nunca fez ao longo de sua vida política. Chega de demagogia!
Estou
convencido de que nem mesmo o passe livre, o arquivamento da PEC 37 e a prisão
de meia dúzia de deputados e senadores corruptos resolverá o problema do
Brasil. Algo mais profundo precisa ser feito. É preciso banir o ethos da
mentira, o vírus da corrupção, a maldição do jeitinho brasileiro, começar tudo
de novo, do zero, pois o que está aí é irrecuperável.
André Pessoa
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