A UTOPIA DA
MOBILIDADE URBANA NO BRASIL
Aquilo
que já é realidade em países como Alemanha, Finlândia e Suécia, não passa de
mera e distante utopia no Brasil. Enquanto os países desenvolvidos da Europa
reduzem os espaços para os automóveis e incentivam o uso de bondes e
bicicletas, em nosso país o governo reduz o IPI para aumentar a venda de
veículos.
A
mobilidade urbana no Brasil e no Recife é uma das causas do mau funcionamento
da cidade e se transformou em um problema de saúde pública. Além do stress
produzido pelos engarrafamentos, a própria economia é afetada uma vez que
diversos setores produtivos sofrem com a dificuldade de locomoção.
Um
brasileiro medianamente inteligente perceberá que os países desenvolvidos estão
“exportando” para países emergentes como o nosso aquilo que já repudiaram e
consideraram nocivo em seus territórios. Isto porque uma boa parte das empresas
automobilísticas que aqui se instalam é oriunda de nações européias.
Em outras
palavras, as montadoras europeias e americanas fazem e incentivam aqui em nossa
terra tupiniquim o que não podem fazer e incentivar em seus países de origem
por causa das leis rígidas e do controle ambiental. Amparados e autorizados
pela nossa corrupção , ignorância e falta de consciência coletiva eles vão
parasitando o nosso país!
Em suma:
enquanto aqui no Brasil reduzimos irresponsavelmente o IPI dos automóveis para
favorecer o consumo e as grandes corporações, na Alemanha conter o uso de
veículos autopasseio nas cidades é um imperativo. Em pleno início do século XXI o nosso país
continua mantendo a mentalidade de colônia causadora de boa parte dos nossos
males.
Políticos,
empresários e o próprio povo brasileiro, seduzidos pela atração dos automóveis,
esquecem-se dos benefícios que uma cidade com o menor número de carros possível
poderia nos proporcionar. Dessa forma, um menor índice de poluição, a
facilidade de deslocamento e um melhor convívio com o espaço urbano são jogados
fora.
Em nome de um
egoísmo que torna burro e insensato o empresário, o político e o cidadão,
continua crescendo o número de vítimas da guerra que travamos nas cidades pelo
pouco espaço que ainda existe nelas. Quando no trânsito, um motorista saca uma
arma e assassina outro é pelo espaço físico que eles estão lutando.
E onde está a
raiz desse problema? Na falta de vontade dos governantes? Na corrupção dos
nossos políticos? Em um povo que adora o AutoEsporte? Também, mas antes de
tudo, o problema da mobilidade urbana é uma questão de educação. Um país que
não investe em educação produzirá sempre pessoas com baixo nível de
consciência.
O egoísta seja
ele um ambicioso empresário, um político descomprometido com a cidade ou um
motorista que ultrapassa pelo acostamento, é sempre um ignorante inconsciente
que não sabe o que é cidadania. Em outras palavras, nada se pode esperar de um
povo inculto e mal-educado que só pensa em si mesmo como um mero animal.
Só temos duas
opções: continuar sendo bichos ou virar gente. A primeira condição é facilmente
mantida quando não existe educação, civilidade e respeito pela coisa pública. A
segunda só deixará de ser uma utopia com um grande esforço de todo brasileiro.
Até lá, nós continuaremos presos nos engarrafamentos e respirando o ar poluído
que nos matará mais cedo!
André Pessoa
Professor, muito interessante esta sua abordagem sobre trânsito e mobilidade urbana no nosso país. Infelizmente, o governo prioriza o transporte individual em detrimento do transporte público, e como consequência as pessoas lutam no meio urbano por mais espaço.
ResponderExcluirAproveito para fazer uma sugestão: um texto sobre o que o sr. acha da nova regulamentação dos Direitos das Empregadas Domésticas. Minha outra sugestão é que faça um abordagem também sobre a questão da maioridade penal, que ganhou repercussão após o latrocínio que infelizmente vitimou um estudante de rádio e tv em São Paulo.
André, você parou de postar no blog? O que houve? "Tamo" esperando postagens!
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