A SÍNDROME DE DAN BROWN
Esta semana
os jornais do mundo inteiro afirmaram que a renúncia do Papa Bento XVI teria
sido motivada por um relatório denunciando em alto e bom som uma série de
desmandos de clérigos católicos. O relatório está sendo chamado de Vaticanoleaks.
Segundo
alguns “ingênuos e românticos”, o sumo pontífice ficou perplexo diante de tanta
sujeira e afirmou ser aquela uma face da Igreja Católica que ele ainda não
conhecia. É a velha história do “eu não sabia” popularizada em nosso país pelo
presidente Lula.
Acreditar
que Joseph Ratzinger (Bento XVI) não conhecia esse lado negro da “Santa” Sé é o
mesmo que crer na existência de gnomos e duendes. Logo ele que ajudou durante
tantos anos a construir esse edifício de poder não saber daquilo que todo mundo
sabe!
Contudo, não
é o conhecimento ou não por parte de Bento XVI da sujeira da igreja que me
interessa. Outra coisa me chama à atenção em toda essa história da renúncia do
Papa: a necessidade que o senso comum tem de “relatórios secretos”. Chamo esta
tendência de Síndrome de Dan Brown.
É
impressionante como as pessoas comuns gostam de histórias misteriosas com
passagens secretas, reuniões de iluminatis, símbolos desconhecidos e documentos
sigilosos que nunca existiram. Não estou afirmando que o Vaticanoleaks não
exista, apenas que o seu conteúdo não é nenhuma novidade.
O vulgo
sempre gostou do que é fantástico e inusitado, e os meios de comunicação de
massa sedentos por vender jornais a leitores impressionáveis sabem muito bem
disso. Acho até que demoraram muito a arranjar um “dossiê secreto” para o caso
de Bento XVI.
Os “dossiês
secretos” são preferidos pelo senso comum porque eles instigam a imaginação das
pessoas não muito dadas à análise real dos fatos. Eles despertam um exército de
indivíduos ingênuos propícios a acreditar em teorias da conspiração e outros
contos de fada.
“Documentos secretos” e coisas do
gênero quebram a monotonia rotineira da vida real e introduzem nos fatos algo
de sobrenatural que dissipa a crueza da realidade. Por outro lado, eles produzem
uma mudança de foco que faz as pessoas se voltar para aquilo que não é
essencial nos acontecimentos.
No caso da renúncia de Bento XVI, o
que menos importa é a influência ou não de tal relatório na decisão do Papa em
renunciar ao pontificado, mas a própria falência da instituição eclesiástica
romana. Não é se voltando para coisas extraordinárias e
documentos secretos que entenderemos o jogo da religião.
André Pessoa
André, você é um cara tão inteligente, escreve tão bem. Mas tu só tem postado texto sobre igreja, religião, papa, Deus, os tipos de Jesus...e lá vai o trem. Muda o rumo um pouquinho, assim ninguém aguenta. É uma crítica CONSTRUTIVA!!! Aliás, não é bem uma crítica... é só pra você expor opiniões sobre outras assuntos, levantar outras questões, porque sobre religião pode colocar seu texto em qualquer lugar que eu já saberei identificar o autor da obra.Todo texto seu é excepcional, mas vamos falar de outras coisas! Socializar outros assuntos! Pode ser?! Seus "blogueiros" agradecem! .......
ResponderExcluirfaz um texto sobre o que o sr. acha da distribuição dos royailtes de petróleo, as consequencias e o que de bom isso póde trazer...
ResponderExcluir