Arquivo do blog

sexta-feira, 1 de março de 2013


A SÍNDROME DE DAN BROWN


            Esta semana os jornais do mundo inteiro afirmaram que a renúncia do Papa Bento XVI teria sido motivada por um relatório denunciando em alto e bom som uma série de desmandos de clérigos católicos. O relatório está sendo chamado de Vaticanoleaks.
            Segundo alguns “ingênuos e românticos”, o sumo pontífice ficou perplexo diante de tanta sujeira e afirmou ser aquela uma face da Igreja Católica que ele ainda não conhecia. É a velha história do “eu não sabia” popularizada em nosso país pelo presidente Lula.
            Acreditar que Joseph Ratzinger (Bento XVI) não conhecia esse lado negro da “Santa” Sé é o mesmo que crer na existência de gnomos e duendes. Logo ele que ajudou durante tantos anos a construir esse edifício de poder não saber daquilo que todo mundo sabe! 
            Contudo, não é o conhecimento ou não por parte de Bento XVI da sujeira da igreja que me interessa. Outra coisa me chama à atenção em toda essa história da renúncia do Papa: a necessidade que o senso comum tem de “relatórios secretos”. Chamo esta tendência de Síndrome de Dan Brown.
            É impressionante como as pessoas comuns gostam de histórias misteriosas com passagens secretas, reuniões de iluminatis, símbolos desconhecidos e documentos sigilosos que nunca existiram. Não estou afirmando que o Vaticanoleaks não exista, apenas que o seu conteúdo não é nenhuma novidade.
            O vulgo sempre gostou do que é fantástico e inusitado, e os meios de comunicação de massa sedentos por vender jornais a leitores impressionáveis sabem muito bem disso. Acho até que demoraram muito a arranjar um “dossiê secreto” para o caso de Bento XVI.
            Os “dossiês secretos” são preferidos pelo senso comum porque eles instigam a imaginação das pessoas não muito dadas à análise real dos fatos. Eles despertam um exército de indivíduos ingênuos propícios a acreditar em teorias da conspiração e outros contos de fada.
“Documentos secretos” e coisas do gênero quebram a monotonia rotineira da vida real e introduzem nos fatos algo de sobrenatural que dissipa a crueza da realidade. Por outro lado, eles produzem uma mudança de foco que faz as pessoas se voltar para aquilo que não é essencial nos acontecimentos.
No caso da renúncia de Bento XVI, o que menos importa é a influência ou não de tal relatório na decisão do Papa em renunciar ao pontificado, mas a própria falência da instituição eclesiástica romana. Não é se voltando para coisas extraordinárias e documentos secretos que entenderemos o jogo da religião.

André Pessoa

                                                
           
           
                 

2 comentários:

  1. André, você é um cara tão inteligente, escreve tão bem. Mas tu só tem postado texto sobre igreja, religião, papa, Deus, os tipos de Jesus...e lá vai o trem. Muda o rumo um pouquinho, assim ninguém aguenta. É uma crítica CONSTRUTIVA!!! Aliás, não é bem uma crítica... é só pra você expor opiniões sobre outras assuntos, levantar outras questões, porque sobre religião pode colocar seu texto em qualquer lugar que eu já saberei identificar o autor da obra.Todo texto seu é excepcional, mas vamos falar de outras coisas! Socializar outros assuntos! Pode ser?! Seus "blogueiros" agradecem! .......

    ResponderExcluir
  2. faz um texto sobre o que o sr. acha da distribuição dos royailtes de petróleo, as consequencias e o que de bom isso póde trazer...

    ResponderExcluir