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quinta-feira, 1 de novembro de 2012


THE WALKING DEAD RECIFE      
   

               O blogueiro Hugo Martins, em um acesso de bom humor inteligente, postou no último dia 30 de outubro uma foto da multidão que aguardava ansiosa do outro lado da porta de vidro a abertura do badalado shopping Rio Mar e intitulou a imagem de THE WALKING DEAD RECIFE. De fato, o consumismo nos bestializa, torna-nos zumbis. 
A comparação do Hugo Martins, embora pareça ter se limitado ao pictórico, à imagem, foi extraordinariamente feliz, pois o que são consumidores desesperados e entorpecidos pelos meios de comunicação de massa, senão zumbis, mortos-vivos que perambulam por aí atrás das melhores promoções? Eis a regra do capitalismo: a mídia manda, os zumbis obedecem!
               Tal e quais criaturas desprovidas de qualquer bom senso e ávidas por produtos que porventura pudessem adquirir por preços promocionais, os zumbis, quero dizer, os consumidores, esmagaram-se na escada rolante do shopping enquanto corriam, provavelmente, em direção às Casas Bahia. A propaganda é o ópio do povo!
               Agora eu sei por que os shoppings centers são chamados por alguns de templos do consumo. Na inauguração do Rio Mar, o desejo de consumir produtos duvidosamente mais baratos se uniu a uma curiosidade doentia que emergiu das profundezas das almas esmagadas por uma propaganda implacável.
               Não me admiraria se um dia desses um comercial da TV no qual um ator global aparecesse convidando as pessoas a comerem pedras como se fosse guloseimas atraísse uma multidão ensandecida para uma loja a fim de comprar seixos comestíveis por um preçinho jamais visto. É o milagre sugerido por satanás: transformar pedras em pão!
               Na série que inspirou o blogueiro citado acima, o mundo está totalmente dominado por zumbis (mortos-vivos) e apenas alguns poucos sobreviventes não infectados lutam desesperadamente para não serem bestializados em um cenário caótico e apocalíptico. Não é fácil se manter íntegro no meio de tantos zumbis.
 Será que alguém escapará? Será que eu mesmo já não fui contaminado? Eu precisava realmente do último celular que comprei? Podem os smartphones, androides, tablets e outras dessas “maravilhas” da tecnologia high-tech tornar o mundo menos medíocre? Não se transforme em zumbi; não dê tanto crédito ao crédito.
               Como continuar íntegro no mundo caótico do IPI reduzido e dos iphones? Dentro em breve serão mais e mais zumbis. Eles virão de toda parte, estarão em todo lugar, comprarão quase tudo (e não pagarão quase nada). Só há uma coisa nos céus e na terra, uma única coisa capaz de parar a ação desses mortos-vivos: a inadimplência e o Serasa.
               Para falar a verdade, nem todos que foram à inauguração do shopping Rio Mar eram consumidores. Alguns eram meros deslumbrados desejando ver de perto a riqueza que não possuem, mas com a qual sonham quase todas as noites antes de se deitarem no mesmo colchão velho de sempre. Sonhar não paga, pelo menos por enquanto.
                                                                                                       
André Pessoa
                
                             

                
                           

                

Um comentário:

  1. Perfeito, professor André! Acho que todos estamos contaminados! Afinal, enquanto alguns virus ameaçam a nossa integridade física, o vírus do consumismo enlameia a nossa tela mental, infesta os nossos centros espirituais orgânicos e compromete o nosso tão frágil vinculo com Deus. É preciso resistir muito para não se deixar arrastar nessa correnteza amtivida!

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