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sexta-feira, 12 de outubro de 2012



A FEIÚRA DA ZONA METROPOLITANA

               Uma zona metropolitana é formada por uma cidade núcleo e pelas suas cidades adjacentes que juntas formam um grande aglomerado urbano. Em geral, as zonas metropolitanas são o resultado de áreas conurbadas nas quais os limites entre as cidades desapareceram como resultado de um crescimento não planejado.
               As áreas urbanas que surgiram desordenadamente e sem obedecer a qualquer tipo de parâmetro urbanístico, arquitetônico e paisagístico são um espetáculo horroroso para os observadores mais atentos. No caso específico da zona metropolitana do Recife, a feiura chega a chocar e dar náuseas naqueles que são mais sensíveis à forma como o espaço é ocupado.
               No último domingo, dia das eleições municipais, precisei me deslocar de onde eu moro até uma das cidades adjacentes que constituem a zona metropolitana do grande Recife e fiquei perplexo ao constatar quão feia e desorganizada ela é. Embora eu já tivesse feito várias vezes aquele percurso, desta vez observei o que havia em volta de mim mais detidamente.
               O que vi foi um conjunto desordenado de ruas estreitas, passagens apertadas e casas inacabadas que avançavam sobre a via pública desrespeitando toda lei e todo projeto sóbrio de construção. Completando o cenário caótico, o lixo e o esgoto a céu aberto faziam da paisagem urbana um horrível cartão postal.
               Analisar detidamente a ocupação espacial da zona metropolitana nos faz concluir que nas cidades adjacentes do Recife e no próprio perímetro urbano da metrópole as habitações provavelmente foram surgindo aqui e ali como cogumelos em uma floresta de ferro, tijolos e cimento. Elas não possuem qualquer relação entre si e nem formam um todo coerente.
               Não há nexo na maioria das construções individualmente e nem no conjunto delas, o que faz cada porção da cidade parecer estar em luta com as demais por um espaço disputado vorazmente centímetro por centímetro. Enquanto isso, dentro das casas, famílias numerosas vivendo em recintos apertados espremem-se como no cortiço de Aluízio de Azevedo.
               Ao lado de uma construção feia e inacabada que cresceu para cima fazendo surgir um ou dois andares por não ter podido se expandir para os lados, uma casinha superaquecida por um telhado inapropriado e por uma orientação equivocada foi pintada com uma cor escura. A feiura é forte e agressiva!
               O péssimo aspecto da zona metropolitana torna-se ainda pior por causa da grande quantidade de pichações que trazem a luz símbolos desconexos e desenhos complicados que só podem ser compreendidos pelas mentes doentias que os conceberam nos muros e prédios alheios. Quem responde por essa depredação? Quem deterá os pichadores?
               Em alguns casos, cemitérios em péssimas condições de conservação foram construídos bem próximos de conjuntos habitacionais que são atingidos por rajadas insalubres quando o vento resolve mudar de posição. Dessa forma, os ares vindos do mundo dos mortos continuam a infectar o mundo dos vivos que não sabe construir suas cidades.
               Andar de carro ou a pé pelas ruas das cidades que compõem a zona metropolitana é como mergulhar na própria desordem interior daqueles que edificaram tão desordenadamente as cidades. Nesse caso, o exterior reflete o interior, o que está fora reflete o que está dentro!
                                                                                                                      André Pessoa
                

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