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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

BIENÁUSEA











BIENÁUSEA

O crescimento econômico do estado de Pernambuco colocou a cidade de Recife definitivamente na rota dos grandes eventos. Shows de artistas importantes, eventos culturais de grande porte e feiras internacionais tornaram-se comuns e acontecem agora com mais freqüência por aqui.
A Bienal do Livro exemplifica bem o que estou querendo dizer quando afirmo que Recife ganhou importância no cenário nacional quando o assunto é grandes eventos. O problema é que um acontecimento de tal envergadura exige uma grande organização e um respeito ao público leitor que definitivamente não foram vistos durante a última Bienal.
Quem foi à feira do livro que ocorreu no Centro de Convenções sabe exatamente o que estou querendo dizer. O evento foi um perfeito exemplo de como não se deve promover algo desse porte e em quê a ânsia de ganhar dinheiro e a falta de organização transformam um acontecimento cultural de tamanha importância.
Para mim, a Bienal deveria ter se chamado BIENÁUSEA, pois ao invés de suscitar o desejo de ler e de instruir-se gerou apenas mal-estar, repulsa e vontade de vomitar diante de tanta coisa ruim. Esse evento massificado e desorganizado nada tem que ver com a construção do conhecimento e com a fomentação das atividades culturais e intelectuais.
A Bienal foi apenas algo programado para vender coisas, se tratou apenas de um grande e desorganizado bazar. Penso que não há nada mais acertado do que chamar a Bienal de “feira”, pois ela se parecia exatamente com isso: uma feira no sentido mais literal e exato do termo.
A impressão que tive durante os quarenta minutos que visitei a exposição e suportei permanecer nela foi que aquele evento foi arrumado única e exclusivamente com a finalidade de vender coisas. O capitalismo é um sistema burro e egoísta que joga no lixo as grandes oportunidades com as quais se depara.
Entre os muitos problemas que pude detectar na Bienal, a desorganização e a sujeira do espaço interno e externo foi talvez o menor de todos, apesar da lama nos gramados do Centro de Convenções e do comércio ambulante irregular e sufocante. O camelódromo é bem mais organizado do que aquilo.
A “praça da alimentação”, se é que podemos designar aquele ambiente horroroso por este nome, era de dar nojo. Barracas enfileiradas como se fossem bares de quinta categoria em um bairro suspeito vendiam apenas pastéis pouco saudáveis boiando em óleo quente como se fossem dejetos flutuando em esgotos.
Como se isso não bastasse, foi construído um palco ao lado dessas desprezíveis barracas no qual grupos musicais meio deslocados da realidade tocavam em som alto tornando o ambiente mais insuportável ainda. Quanta coisa ruim em um mesmo lugar!
Quanto ao que existe de mais importante nesse tipo de acontecimento, me refiro aos livros, a Bienal também deixou muito a desejar. Do ponto de vista dos títulos presentes na feira, só era possível encontrar duas coisas: literatura infantil e livro espírita (Xuxa e Chico Xavier devem ter ficado felizes da vida!).
Esse “domingo no parque” não tem o direito de ser chamado Bienal do Livro. Além do espaço insalubre e desorganizado, da massificação do evento e dos ladrões circulando a procura de alguém para roubar, faltou a ele também o “ethos” de evento cultural. Definitivamente é melhor chamá-lo de BIENÁUSEA!







André Pessoa

2 comentários:

  1. É realmente senti um pouco de falta de mais eventos culturais, mas teve o circulo de ideias que gostei muito, nele houve palestras, debates e com peças teatrais sobre leitura. Realmente a obssesao capitalista foi maior do que as produçoes culturalistas. Mas acredito que o grande volume de livros e tambem a grande quantidade de crianças, tenha sido um ponto positivo, pois mesmo que elas leiam Xuxa estarao lendo algo e para despertar o habito e o prazer pela leitura nessa fase, qualquer leitura é valida

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