O MUNDO VAI GIRAR
Entrei na biblioteca e senti de imediato um dos odores que mais me agradam: o cheiro dos livros. Enquanto esperava o meu amigo, os meus olhos percorreram todo o ambiente.
Na parede a minha frente, um quadro pintado com pinceladas fortes e breves continha em sua moldura uma figura difícil de discernir. A arte às vezes é estranha!
Caminhei devagar em direção a uma mesa de madeira colonial com os cantos esculpidos e ovais sobre a qual descansava impávido um globo terrestre sustentado por um suporte de metal. O mundo estava diante dos meus olhos.
Com um movimento calmo e os olhos fixos no globo girei-o a primeira vez e acompanhei absorto a rotação daquele pequeno mundo. Alguns segundos depois parou diante de mim a imensa Austrália.
Pensei então nos cangurus, crocodilos, ornitorrincos, coalas e toda aquela fauna peculiar que faz da Austrália um lugar único e exótico cujo estudo leva-nos a muitas especulações acerca do darwinismo e da evolução.
Já que o meu amigo demorava girei pela segunda vez o globo e segundos depois ele trouxe a mim a Etiópia. Os olhos da minha mente viram a fome, os conflitos étnicos, mas viram também a força e a resistência de um povo a muito oprimido pelo imperialismo de pele clara.
Resolvi girar de novo o globo e mais uma vez fui transportado no tempo e no espaço. Os meus olhos então pousaram no deserto da Arábia, nas suas paisagens áridas, fazendo-me quase sentir as suas temperaturas abrasadoras e ver as caravanas de mercadores cortando as areias escaldantes.
Ousei ainda girar o globo mais uma vez e agora fui transportado à Ilha de Manhattan. Vi Nova York, os seus habitantes apressados, os arranha-céus e os tradicionais táxis amarelos sempre observados por policiais atentos.
Em alguns minutos viajei pelos quatro cantos do planeta sem sair do lugar onde me encontrava. Num breve espaço de tempo passei de uma ilha exótica a um mundo desolado, depois a um deserto fervente e por fim a uma grande metrópole.
Encantado pela metáfora pensei comigo mesmo: o mundo gira e girando nos leva com ele transportando-nos para novos lugares e colocando-nos diante de novas paisagens e de outras situações. De fato, o mundo gira porque a vida avança!
O mundo gira levando consigo coisas que estavam bem diante dos nossos olhos, que podíamos tocar, que pensávamos possuir. O mundo, paradoxal que é, nos rouba algumas vezes e outras vezes nos presenteia.
Às vezes ele também nos leva para o deserto, mas é exatamente ali, em meio ao clima hostil, a sede e aos muitos predadores que mais aprendemos. É lá no deserto que aprendemos as grandes lições, ele é a nossa escola!
Mas de novo gira o mundo e das paisagens lunares do deserto somos levados a uma ilha paradisíaca onde reina a abastança e o vai vem das ondas do mar é uma doce melodia a nos embalar os sonhos enquanto repousamos numa rede. Agora as lágrimas são enxutas e de novo volta o sorriso.
Quem sorriu ontem chora hoje, quem chorou antes ri agora. Esse é o velho mundo girando absoluto, construindo e destruindo, exaltando e humilhando, indo e vindo e levando consigo as pessoas que como os passageiros de um carrossel, hora se divertem e hora se enjoam.
Quanto a mim, estou aprendendo a senti-lo, a antever os seus movimentos, e a gora, mais do que antes, já consigo fixar os meus olhos naquilo que desejo ver antes mesmo que o movimento rodopiante perca a sua força e uma nova realidade repouse diante de mim.
Entrei na biblioteca e senti de imediato um dos odores que mais me agradam: o cheiro dos livros. Enquanto esperava o meu amigo, os meus olhos percorreram todo o ambiente.
Na parede a minha frente, um quadro pintado com pinceladas fortes e breves continha em sua moldura uma figura difícil de discernir. A arte às vezes é estranha!
Caminhei devagar em direção a uma mesa de madeira colonial com os cantos esculpidos e ovais sobre a qual descansava impávido um globo terrestre sustentado por um suporte de metal. O mundo estava diante dos meus olhos.
Com um movimento calmo e os olhos fixos no globo girei-o a primeira vez e acompanhei absorto a rotação daquele pequeno mundo. Alguns segundos depois parou diante de mim a imensa Austrália.
Pensei então nos cangurus, crocodilos, ornitorrincos, coalas e toda aquela fauna peculiar que faz da Austrália um lugar único e exótico cujo estudo leva-nos a muitas especulações acerca do darwinismo e da evolução.
Já que o meu amigo demorava girei pela segunda vez o globo e segundos depois ele trouxe a mim a Etiópia. Os olhos da minha mente viram a fome, os conflitos étnicos, mas viram também a força e a resistência de um povo a muito oprimido pelo imperialismo de pele clara.
Resolvi girar de novo o globo e mais uma vez fui transportado no tempo e no espaço. Os meus olhos então pousaram no deserto da Arábia, nas suas paisagens áridas, fazendo-me quase sentir as suas temperaturas abrasadoras e ver as caravanas de mercadores cortando as areias escaldantes.
Ousei ainda girar o globo mais uma vez e agora fui transportado à Ilha de Manhattan. Vi Nova York, os seus habitantes apressados, os arranha-céus e os tradicionais táxis amarelos sempre observados por policiais atentos.
Em alguns minutos viajei pelos quatro cantos do planeta sem sair do lugar onde me encontrava. Num breve espaço de tempo passei de uma ilha exótica a um mundo desolado, depois a um deserto fervente e por fim a uma grande metrópole.
Encantado pela metáfora pensei comigo mesmo: o mundo gira e girando nos leva com ele transportando-nos para novos lugares e colocando-nos diante de novas paisagens e de outras situações. De fato, o mundo gira porque a vida avança!
O mundo gira levando consigo coisas que estavam bem diante dos nossos olhos, que podíamos tocar, que pensávamos possuir. O mundo, paradoxal que é, nos rouba algumas vezes e outras vezes nos presenteia.
Às vezes ele também nos leva para o deserto, mas é exatamente ali, em meio ao clima hostil, a sede e aos muitos predadores que mais aprendemos. É lá no deserto que aprendemos as grandes lições, ele é a nossa escola!
Mas de novo gira o mundo e das paisagens lunares do deserto somos levados a uma ilha paradisíaca onde reina a abastança e o vai vem das ondas do mar é uma doce melodia a nos embalar os sonhos enquanto repousamos numa rede. Agora as lágrimas são enxutas e de novo volta o sorriso.
Quem sorriu ontem chora hoje, quem chorou antes ri agora. Esse é o velho mundo girando absoluto, construindo e destruindo, exaltando e humilhando, indo e vindo e levando consigo as pessoas que como os passageiros de um carrossel, hora se divertem e hora se enjoam.
Quanto a mim, estou aprendendo a senti-lo, a antever os seus movimentos, e a gora, mais do que antes, já consigo fixar os meus olhos naquilo que desejo ver antes mesmo que o movimento rodopiante perca a sua força e uma nova realidade repouse diante de mim.
André Pessoa
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