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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"EXTRANHO"



“EXTRANHO”


Embora eu não goste de fazer isso, vez por outra sou impulsionado a escrever um texto em resposta a algum comentário infeliz feito por algum leitor no meu blog. Alguns comentários ultrapassam todos os limites da futilidade e mergulham de cabeça no oceano da mediocridade.
Esta semana, por exemplo, certo “anônimo” postou um comentário no meu blog dizendo que eu era um cara muito “extranho”. Por incrível que pareça era assim que a palavra estava escrita, “extranho”.
O motivo da minha “estranheza”, segundo esse comentarista de linguagem exótica, era o fato de eu ter dito em um texto anterior que não tinha amigos e no meu último texto (“o mundo vai girar”) me referido a um amigo meu.
Nada mais burro do que a interpretação literal daquilo que lemos. Nada mais limitado do que um leitor que quer resumir a vida numa fórmula. O cartesianismo inveterado tem feito muitas vítimas, a lógica aristotélica também.
Já falei em outra ocasião, e volto a dizê-lo agora, que não se deve procurar certezas, dogmas, estabilidade e não contradição nos meus textos. Eles não são nada disso, não se propõem a isso.
Os meus textos nada mais são do que as minhas impressões acerca das coisas no momento em que com elas me defronto. Eles captam apenas um momento, não querem ser eternos.
Os meus textos são a minha alma sangrando e escorrendo pelo chão. E a minha alma sangra e escorre de muitas maneiras procurando algum recipiente que possa contê-la.
Meu amigo comentarista, se tu buscas a estabilidade, a não contradição, o imutável, o discurso invariável e preciso, procuraste estas coisas no lugar errado. É melhor você ir a uma igreja, onde os padres e pastores repetem sempre a mesma ladainha todo domingo.
Se você está procurando um discurso coerente e rigoroso consulte os livros de matemática nos quais 2+2 são sempre 4. Nos meus textos 2+2 às vezes é 4, mas outras vezes são 1000. Isso acontece porque nem mesmo eu sou sempre a mesma pessoa.
Aliás, eu, você e todo mundo somos sempre muitas pessoas, representamos muitos papéis, dissimulamos, mesmo sem perceber, o tempo todo. Eu pelo menos assumo isso, e você assume?
O que eu disse na segunda-feira talvez não sirva para a terça. O que eu aconselhei no domingo pensarei duas vezes antes de sugerir na segunda. Cada dia uma nova história, cada texto uma nova percepção.
Eu estou sempre em movimento, escorrendo, evaporando aqui e ressublimando ali. Quem eu era ontem não sou mais hoje e provavelmente o que sou hoje não serei amanhã.
Quer ler textos que dizem sempre as mesmas coisas? Procure os sites dos fundamentalistas religiosos, dos “homens convictos”, dos donos da verdade. Quanto a mim, “o que sei é que nada sei”.
No que diz respeito aos textos do meu blog, eles só têm uma linha: não ter linha alguma. Faz tempo que eu saí dos trilhos; quem quiser previsibilidade é melhor assistir o big brother.

André Pessoa

2 comentários:

  1. André Pessoa, vc como escritor de blog,tem que saber aceitar a opinião de quem o lê. Me sinto até lisongeado(a) por vc me chamando de burro(a)! RSRSRSRSR (eu ri!) Burro é um animal inteligente, sabia?! Eu bem que sei que todos nós somos várias pessoas! Mas tu conhece que ninguém consegue cantar e chupar cana ao mesmo tempo? Vai me dizer que vc com toda a sua versatilidade consegue... Acho até fácil! Ô meu senhor... não precisa se extressar! É apenas minha opinião, que diga-se de passagem é mais "óbvia" do que a sua.Em um texto vc tem amigos... no outro ninguém tem amigo. Mas relaxa teu bigode aí MEU! Já faz um tempo que achei teu blog, e te acho um cara inteligente pra caramba! Sério mesmo! Pela sua pose nas fotos dos teu blo, nem preciso dizer isso.Tu é a cara de quem se acha! Eu nunca deixo de lê seus textos! Mas vc não deixa de ser "extranho". É com X mesmo no seu caso... por incrível que parecça por que? RSRSRSRS Vc é tão diferente! Tão vaaaaaaaarias pessoas, pq não posso escrever estranho com X? Suas palavras até que de vez em quando servem muito na teoria.... pq na prática meu neguinho... é difirrrrrrrrrrrrci! FALOU!

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