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quarta-feira, 16 de junho de 2010

ENTRE A CRUZ E A ESPADA



ENTRE A CRUZ E A ESPADA


Nunca foi tão difícil para o leitor nordestino medianamente politizado escolher entre dois candidatos à presidência da república. Os eleitores estão entre a cruz e a espada, dois instrumentos de morte e tortura.
De um lado Dilma Rousseff, uma política inventada no gabinete do presidente. Dilma é uma espécie de holograma, uma figura irreal que carece de materialidade e diz que foi torturada durante o regime militar. Isso quase sempre funciona em países democráticos.
Do outro lado, como oponente da brilhante invenção de Luiz Inácio Lula da Silva (me refiro à Dilma), está José Serra, um aristocrata pouco carismático com cara de vampiro que se vangloria do seu curriculum vitae e diz que já vendeu laranja na feira (acredite se quiser!).
Eu gosto de Lula e, como milhões de brasileiros, aprovo o seu governo e credito em parte a ele a projeção do Brasil no cenário político e econômico mundial. Mas me pedir para votar em Dilma Rousseff já é demais!
Eu não vou votar em Dilma por que o argumento usado por Lula para eleger a sua candidata é falacioso, eleitoreiro e representa um tipo de política que nós gostaríamos que não se praticasse mais no Brasil. Suas intenções podem até ser boas, mas os seus motivos são pouco convincentes.
Qualquer candidato que fosse eleito Presidente da República deveria, por obrigação cívica, manter e aprimorar aquilo que já foi feito de bom e fazer o que ainda não foi feito. O argumento de Lula cheira a coronelismo e deixa subentendido que o povo brasileiro é gado eleitoral preso em curral político.
Sinto muito senhor presidente, mas o motivo apresentado por vossa excelência para o povo brasileiro votar em Dilma é sem sentido e não se coaduna com uma República que se diz democrática e que está em vias de desenvolvimento.
Aliás, a estória de que Lula é um “filho do nordeste” e de que sem ele o porto de Suape não haveria sido instalado em Pernambuco é mais mito do que realidade. Lula sempre exerceu a sua vida política no sudeste e Suape foi construído em Pernambuco por motivos estratégicos e não por causa da boa vontade de um homem.
O nordeste tem se desenvolvido e se projetado na economia brasileira por causa do esforço do seu povo e não por qualquer milagre presidencial. O nosso maior milagre é o nosso povo e não um presidente, por melhor que ele seja.
Quanto a Serra, não é só o fato de ele ser feio que ergue uma barreira entre ele e o eleitor, é a falta de confiança que inspiram as suas falas e discursos políticos. Estaria ele querendo “serrar” o Brasil ao meio?
Enfim, “se correr o Serra pega, se ficar a Dilma come”. Não fosse o discurso destemperado, monolítico e sem graça da igualmente sem graça Marina Silva, poderíamos até votar nela. Entretanto, “nem só de meio-ambiente viverá o homem”.
Bom, só nos resta o folclórico Eymael (há, há, há...). Desculpem-me o gracejo, eu não deveria brincar com coisa séria. Mas quem disse que política é coisa séria no Brasil?

André Pessoa


Um comentário:

  1. Gostei! Gostei do equilíbrio do seu texto. Concordo que não há como votar na ovelha Dolly, ou seja, na clone Dillma. Sim, Dillma com dois "Ls". Mas eu vou arriscar no meio ambiente, quem sabe assim a gente preserva os "tucanos", as "lulas" em região de protenção para o bem do povo e da democracia?

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