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domingo, 16 de maio de 2010

FUTEBOL E POLÍTICA



FUTEBOL E POLÍTICA


Filó, assim era chamado o primeiro jogador brasileiro a ser campeão do mundo numa copa em 1938 na Itália. Pena que não foi pelo Brasil.
Esquecido pela seleção brasileira no final da década de 30, Filó, descendente de italianos, foi convocado para disputar o mundial pela Itália de Mussolini que na época sediou a copa do mundo.
Assisti a reportagem que contava a curiosa estória deste jogador desconhecido para a maioria dos brasileiros, hoje pela TV, durante mais uma tediosa manhã de domingo. Mas o que me chamou à atenção durante a reportagem foi outra coisa e não a saga de Filó.
Durante a reportagem apresentada em um programa de grande audiência o repórter e narrador da estória do brasileiro Filó falou com repugnância e com ar teatralizado de admiração da forma como Mussolini “usou o futebol para fins políticos”. Não me digam; eu não acredito! Para fins políticos? Como ele pôde fazer isto? Meu Deus; será isso possível? Que homem mal foi esse tal de Mussolini.
Das duas uma: ou os editores dos programas esportivos da TV brasileira acham que os telespectadores são uns bandos de imbecis ou nos consideram extremamente despolitizados e inocentes. Por favor, caros editores, não nos subestimem! Não é preciso ser um especialista em história do futebol para saber que a política sempre andou e continua andando de mãos dadas com este esporte dentro e fora do Brasil.
Aliás, por que falar dos mortos que não podem se defender? Refiro-me ao finado Mussolini. Para quê ir tão longe, regredir tanto na história? Por que voltar até a Itália fascista do entre guerras? Sílvio Berlusconi não basta? O contraditório e onipotente presidente do Milan, que esta semana demitiu Leonardo do comando daquele time, não é o suficiente para provar os laços existentes entre o futebol e a política?
Deixem-me corrigir o jornalista do referido programa ao qual me referi no começo deste texto: o futebol não é apenas usado com fins políticos, mas também reflete a própria política. Você acha que não? Então continue lendo o texto.
Em 1970 a campanha da seleção brasileira de futebol em direção á Copa do México e o êxito posterior daquela extraordinária conquista se confundiu com uma intensa propaganda do regime militar de Garrastazu Médici. Você se lembra? Brasil, ame-o ou deixe-o!
O futebol durante o regime militar no Brasil foi um excelente veículo de propaganda política, inclusive nas músicas que embalavam a conquista do tri conclamando os “90 milhões em ação” a caminharem juntos rumo ao título deixando de lado os “subversivos” que tinham os seus ideais políticos e o desejo de viver em um país mais democrático confundidos perversamente com um sentimento antinacionalista.
Futebol e política andam juntos e não é de hoje. Aliás, por que será que os dirigentes de futebol do Brasil são chamados de cartolas? A cartola, este símbolo aristocrático, nos remete ao poder político e não a alegria e a emoção dos campos de futebol. A cartola nos lembra o parlamento e não os estádios!
A própria configuração dos estádios de futebol nos remete a um problema social e político. Ricos nas cadeiras, pobres na geral. Nada tão político como um campo de futebol. Quem tem mais vê melhor, assiste ao jogo dos melhores ângulos, se acomoda mais confortavelmente.
Como se tudo isto não bastasse, alguns políticos mal intencionados, inclusive na Itália de Mussolini, chegaram até mesmo a forjar resultados corrompendo árbitros igualmente mal intencionados. De fato, política, lucro desmedido e futebol andam juntinhos uns dos outros, são parceiros inseparáveis em um mundo onde os homens bons e as boas intenções começam a ficar escassas.
Quanto a nós, telespectadores apaixonados pelo futebol, só nos resta continuar acreditando na verdade dos resultados dos jogos e na emoção dos grandes clássicos de futebol. Caso contrário, como passaríamos os domingos monótonos? O Faustão só não basta!

André Pessoa

2 comentários:

  1. Ainda temos a questão do Costa e Silva interferindo na escalação da seleção, com isso saiu João Saldanha e entrou Zagallo. Tivemos que engolir o cara por mais outras copas. E corroborando com seu texto, faço menção ao Ricardo Teixeira, super presidente da CBF, capaz de superar CPI e investigações diversas. Ha de se registrar um aumento dos patrocícios, numerosos contratos de jogadores sob sua guarda, capacidade de se superar em termos de riqueza e com uma tríade por demais conhecida: não vi, não ouvi, não sei. Isso me lembra outra pessoa...

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  2. Professor eu gosto muito mais dos seus textos de amor,era muito mais legal.

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