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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

DE REPENTE O TEMPO PAROU



DE REPENTE O TEMPO PAROU


O relógio marcava 7:45 da manhã, eu dirigia lentamente em meio ao trânsito da Avenida Rui Barbosa quando percebi que estava mergulhado numa paz sem limites que me libertava do espaço e do tempo que costuma me aprisionar.
Tudo ao redor parecia igualmente tranqüilo, era como se todos estivessem sentindo o mesmo que eu estava sentindo. O trânsito me pareceu menos furioso, menos sanguinário, até as buzinas cessaram naquele momento.
Percebi que naquela hora eu poderia perdoar qualquer ofensa contra mim, esquecer qualquer agravo. Não me preocupei mais com o horário, se chegaria atrasado ou não, esqueci o relógio, “o tempo havia parado”.
Verifiquei também que eu não queria disputar nada com ninguém; alguns carros se precipitavam na minha frente, mas era como se não existissem, nem mesmo a buzina eu acionava, apenas os olhava tranqüilo.
Naquele momento tive plena consciência de como são fúteis a pressa, o egoísmo a disputa. Vi como correm os homens, inclusive eu, todos os dias “atrás do vento”.
Foi então que percebi que Deus me visitava naquele momento em meio ao asfalto duro e sem vida da cidade. Percebi que a paz que dele provém não tem limites e não pode ser por nada substituída.
Naquela manhã Deus resolveu falar comigo na rua, no perímetro urbano, evitou o templo. Ele está cansado das vozes que ecoam vazias e viciadas entre quatro paredes, o Todo-Poderoso está livre, quer falar na praça, nos museus, nos lugares públicos, em todos os lugares...
Lembrei de toda a minha trajetória até ali, vi como num filme, a minha vida passar diante dos meus olhos e só então falei baixinho enquanto segurava o volante do carro: “Nascemos para ti, ò Deus, e só em ti as nossas vidas fazem sentido”.

André Pessoa

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