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sexta-feira, 4 de outubro de 2013



SAI DA CAVERNA BRASIL!

                Esta semana a Times Higher Education publicou a lista das duzentas melhores universidades do mundo e a única brasileira que antes constava nesta lista (a USP) foi rebaixada e não mais aparece na lista das melhores. Apesar das críticas dos especialistas brasileiros aos critérios adotados na pesquisa, a colocação do Brasil neste ranking expressa exatamente o desprezo do Estado pela educação de qualidade.
                Mesmo sabendo que nenhuma grande potência mundial alcançou o status de potência sem investir na educação dos seus cidadãos e na produção de conhecimento, os dirigentes brasileiros com as suas atitudes provincianas e desconectadas com o mundo global, insistem em substituir investimento sério em educação por políticas assistencialistas com fins eleitoreiros. O lema é: MAIS BOLSA FAMÍLIA, MENOS EDUCAÇÃO!
                Não é preciso ser especialista ou erudito para saber que a educação no mundo contemporâneo além de um meio de ascensão social individual é também o único caminho seguro para o desenvolvimento de um país. Mesmo quando um significante percentual do PIB é investido na educação (5,7 %), por algum motivo (corrupção ou descaso) as verbas não produzem as mudanças sociais e econômicas desejadas.  
                Mesmo tendo aumentado significativamente os investimentos em educação entre 2000 e 2010 ainda estamos longe de alcançar os níveis de investimento aconselhados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto nós investimos cerca de 2.235 US$ anuais por aluno do ensino médio, a OCDE afirma que o ideal seria investir 9.312 US$ por aluno.  
                A grande verdade é que o Brasil, mesmo contando historicamente com grandes pensadores, é, de forma geral, uma nação de incultos e analfabetos funcionais na qual 75% da população alfabetizada não sabe ler e interpretar o texto mais simples e superficial de um jornal de grande circulação. Somos um exército de ignorantes que cresce a cada dia conduzidos por políticos incultos ou mal intencionados.
                A nossa ignorância é produzida, cultivada e incentivada por um sistema político corrupto e patrimonialista que precisa dela para se impor aos milhões de brasileiros que assistem às telenovelas enquanto em Brasília a farra continua. Ao mesmo tempo em que tudo isso acontece, a revista The Economist, coincidentemente inglesa, segundo país mais bem colocado no ranking, critica-nos e diz que a Dilma está conduzindo a nação para o buraco.
                Entre os sintomas que apontam para a “doença” do não-investimento responsável na educação podem ser contados os baixos salários pagos a professores, o abandono dos cursos de licenciatura e o ambiente de sala de aula cada vez mais inóspito. Se esse quadro desolador perdurar por mais tempo, em breve veremos a educação brasileira totalmente sucateada e inviabilizada o que nos impedirá de figurar entre as grandes nações do mundo.
                Não lembro bem quem foi que certa feita afirmou que “a ignorância atravanca o progresso”, mas sem dúvida esta pessoa estava com a razão. Enquanto nós estamos mergulhados na corrupção e perdidos entre complôs e perversões políticas, países como a Coréia do Sul, Hong Kong, China e Cingapura estão se projetando no cenário internacional por causa de investimentos maciços em educação.
                Na lista da Times Higher Education o país mais bem colocado no ranking das universidades foi os Estados Unidos da América, inclusive o primeiro lugar na lista, o Instituto de Tecnologia da Califórnia vem da terra do Tio Sam. Não devemos nos enganar e achar que o simples fato de enviar crianças à escola e aparecer bem nas estatísticas resolve o problema do nosso país; é preciso investir pesado em melhores salários para os professores e qualidade de ensino para que o cenário mude e passemos a figurar entre os melhores.  
Por outro lado, é preciso incentivar e motivar crianças, jovens e adultos a lerem e amarem o conhecimento. O conhecimento é a chave que abre as portas de um novo mundo no qual o bem-estar, a cidadania, a preservação ambiental, a transparência na política serão a norma que porão em movimento uma nova ética planetária.
                Sem ele, porém, qualquer um estará condenado a viver nas trevas da ignorância, acorrentado e entregue aos sentidos como estavam aqueles homens sem esperança, apáticos e condicionados mencionados no mito da caverna pelo filósofo grego Platão. É preciso sair da caverna Brasil!

                                                                                                                          André Pessoa 
                 


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