SAI DA CAVERNA BRASIL!
Esta semana a
Times Higher Education publicou a lista das duzentas melhores universidades do
mundo e a única brasileira que antes constava nesta lista (a USP) foi rebaixada
e não mais aparece na lista das melhores. Apesar das críticas dos especialistas
brasileiros aos critérios adotados na pesquisa, a colocação do Brasil neste
ranking expressa exatamente o desprezo do Estado pela educação de qualidade.
Mesmo
sabendo que nenhuma grande potência mundial alcançou o status de potência sem
investir na educação dos seus cidadãos e na produção de conhecimento, os
dirigentes brasileiros com as suas atitudes provincianas e desconectadas com o
mundo global, insistem em substituir investimento sério em educação por
políticas assistencialistas com fins eleitoreiros. O lema é: MAIS BOLSA
FAMÍLIA, MENOS EDUCAÇÃO!
Não
é preciso ser especialista ou erudito para saber que a educação no mundo
contemporâneo além de um meio de ascensão social individual é também o único
caminho seguro para o desenvolvimento de um país. Mesmo quando um significante
percentual do PIB é investido na educação (5,7 %), por algum motivo (corrupção
ou descaso) as verbas não produzem as mudanças sociais e econômicas desejadas.
Mesmo
tendo aumentado significativamente os investimentos em educação entre 2000 e 2010
ainda estamos longe de alcançar os níveis de investimento aconselhados pela
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto nós
investimos cerca de 2.235 US$ anuais por aluno do ensino médio, a OCDE afirma
que o ideal seria investir 9.312 US$ por aluno.
A
grande verdade é que o Brasil, mesmo contando historicamente com grandes
pensadores, é, de forma geral, uma nação de incultos e analfabetos funcionais na
qual 75% da população alfabetizada não sabe ler e interpretar o texto mais
simples e superficial de um jornal de grande circulação. Somos um exército de
ignorantes que cresce a cada dia conduzidos por políticos incultos ou mal
intencionados.
A
nossa ignorância é produzida, cultivada e incentivada por um sistema político
corrupto e patrimonialista que precisa dela para se impor aos milhões de
brasileiros que assistem às telenovelas enquanto em Brasília a farra continua. Ao
mesmo tempo em que tudo isso acontece, a revista The Economist,
coincidentemente inglesa, segundo país mais bem colocado no ranking,
critica-nos e diz que a Dilma está conduzindo a nação para o buraco.
Entre
os sintomas que apontam para a “doença” do não-investimento responsável na
educação podem ser contados os baixos salários pagos a professores, o abandono
dos cursos de licenciatura e o ambiente de sala de aula cada vez mais inóspito.
Se esse quadro desolador perdurar por mais tempo, em breve veremos a educação
brasileira totalmente sucateada e inviabilizada o que nos impedirá de figurar
entre as grandes nações do mundo.
Não
lembro bem quem foi que certa feita afirmou que “a ignorância atravanca o
progresso”, mas sem dúvida esta pessoa estava com a razão. Enquanto nós estamos
mergulhados na corrupção e perdidos entre complôs e perversões políticas,
países como a Coréia do Sul, Hong Kong, China e Cingapura estão se projetando
no cenário internacional por causa de investimentos maciços em educação.
Na
lista da Times Higher Education o país mais bem colocado no ranking das
universidades foi os Estados Unidos da América, inclusive o primeiro lugar na
lista, o Instituto de Tecnologia da Califórnia vem da terra do Tio Sam. Não
devemos nos enganar e achar que o simples fato de enviar crianças à escola e
aparecer bem nas estatísticas resolve o problema do nosso país; é preciso
investir pesado em melhores salários para os professores e qualidade de ensino
para que o cenário mude e passemos a figurar entre os melhores.
Por outro
lado, é preciso incentivar e motivar crianças, jovens e adultos a lerem e
amarem o conhecimento. O conhecimento é a chave que abre as portas de um novo
mundo no qual o bem-estar, a cidadania, a preservação ambiental, a
transparência na política serão a norma que porão em movimento uma nova ética
planetária.
Sem
ele, porém, qualquer um estará condenado a viver nas trevas da ignorância, acorrentado
e entregue aos sentidos como estavam aqueles homens sem esperança, apáticos e
condicionados mencionados no mito da caverna pelo filósofo grego Platão. É
preciso sair da caverna Brasil!
André Pessoa
ótimo texto professor!
ResponderExcluir