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domingo, 26 de fevereiro de 2012

A FILHA DO MAL



A FILHA DO MAL


“A filha do mal”, filme sucesso de bilheteria do diretor Willian Brent, tenta misturar terror e suspense em uma historieta de exorcismo que objetiva se parecer com um documentário, mas que não passa de um roteiro mal pensado. Seria o fim da criatividade cinematográfica?
Não foi possível mascarar o propósito do filme, ou seja, se parecer com um documentário real, porque não há na história elementos de coesão que garantam uma transição bem feita para o que se deseja. Do ponto de vista estético, o filme se assemelha a Frank Stein, cheio de remendos.
A película conta a história de Maria Rossi (Suzana Crowley) que mata três clérigos durante uma suposta sessão de exorcismo. Anos mais tarde, a filha de Maria Rossi, Isabella (Fernanda Andrade) resolve investigar o caso da mãe e visitá-la em um hospício para saber se houve um crime comum ou se a mãe estava realmente possessa por demônios quando perpetrou o ato de violência.
Na sua viagem até a Itália para visitar a mãe, Isabella é acompanhada por um amigo que filma todas as partes da “aventura” e é ajudada por dois padres rebeldes, Quarterman e Helmuth. Os dois jovens e inteligentes padres levam Isabella para ver de perto um exorcismo e se propõem a expulsar os demônios que atormentam a sua mãe.
O final do filme seria trágico se não fosse cômico: todos, Isabella, os dois padres exorcistas e o amigo que filmava tudo, morrem porque o demônio, aliás, a legião de demônios que “possuía” Maria Rossi, se transfere para os quatro matando-os impiedosamente. Quanta incompetência desses exorcistas...
Se eu tivesse elementos suficientes para falar o que vou falar agora, diria que esse filme foi encomendado pelo Vaticano. Embora o filme aborde os atos da igreja católica de forma relativamente crítica, tudo não passa de uma propaganda velada do cristianismo romano.
A impressão que temos é que o filme em questão tenta trazer a tona uma discussão que não faz mais sentido algum no século XXI: a possessão demoníaca. Nos dias atuais, com exceção de umas poucas comunidades religiosas que se beneficiam com as aparições do capirôto, ninguém acredita que as “possessões demoníacas” sejam reais.
A existência ontológica do diabo e da sua legião de demônios ajudantes (a maior parte deles medievais) já foi deixada de lado há muito tempo. Por mais bárbaros que sejam os crimes perpetrados por pessoas descontroladas e por mais inexplicáveis que sejam as cenas protagonizadas pelos “possessos”, pouca gente atribui ao demo certas atrocidades.
Para o homem do século XXI, ávido de informação, lazer e conectividade, Belzebu não é mais o mesmo. A ciência e o conhecimento acadêmico fizeram desaparecer lentamente a boa fé daqueles que explicavam o inexplicável através dos mitos cristãos. As fantasias metafísicas antigas deram lugar a uma análise fria da realidade que não admite a demonologia.
A versão da possessão demoníaca exibida pelo filme é a mesma e monótona versão cristã de sempre: aversão aos símbolos sagrados (como cruzes, por exemplo), força descomunal dos possessos, crimes violentos e línguas estranhas. Será que as pessoas que fazem este tipo de filme não vêem que o mundo mudou e o diabo também?
Falta aos diretores de filmes como Devil Inside (A filha do mal), conhecimento teológico. Da mesma forma que os vampiros não têm mais medo de cruzes e de alho, o diabo, caso não seja uma entidade retrógada e conservadora distante do mundo globalizado, também já evoluiu; afinal de contas, até os pokemons evoluem não é?
Ser possuído não é nada disso que a religião ensinou ao longo dos últimos séculos. Um ser humano é possuído quando a sua personalidade afunda no mal e não quando uma entidade metafísica externa invade o seu corpo. A possessão não é um ato, mas um lento processo.
Neste exato momento, milhões de pessoas estão sendo possuídas no mundo inteiro, inclusive dentro do próprio ambiente religioso. Entretanto, não são demônios que as estão possuindo e sim outros inimigos bem mais nocivos.
As pessoas estão sendo possuídas pela sede de poder, pelo consumismo desenfreado, pela ambição doentia, pelo desejo de serem celebridades, pelo sexo, pelo álcool e pela falsa moral. As pessoas estão agora mesmo sendo possuídas em todos os lugares, e algumas delas, ao contrário do que se pensa, não são avessas a símbolos sagrados e nem têm a voz grave e monstruosa.

André Pessoa


Um comentário:

  1. E algumas pessoas são possuídas pela ignorância e pseudo intelectualismo, como o autor deste blog. Não se deve criticar aquilo que não se conhece a fundo. O extremismo oposto do fanatismo é justamente o ceticismo utilizado como muleta para a falta de conhecimento. Há energias negras sim, somos constantemente expostos a correntes de energias que ainda não conhecemos. Dê-se a elas o nome de demônio(s), deusa Kali (o aspecto puramente destrutivo de Shiva), Djins, a serpente negra do caduceu ou outra designação qualquer. Na antiguidade, se disséssemos a uma pessoa que existe uma forma de energia que no futuro faria luzes acenderem, fariam funcionar máquinas que congelam alimentos e etc seríamos atirados à fogueira por causa de gente com a mente do autor deste blog. Apenas quando a ciência parar de desacreditar e procurar investigar a fundo os fenômenos paranormais é que a humanidade vai parar de chafurdar na ignorância com relação às coisas do espírito. Os iniciados nos mistérios e nas ciências ocultas (que já viram e experimentaram coisas que a maioria das pessoas temem ou desconhecem) sabem do que eu estou falando. Quanto ao resto, que continuem na comodidade que o seu mundinho explicável oferece... Vivam e morram na ignorância, é mais fácil assim. Fernando Fonseca Costa (Frater Drakon, do Templo Ísis-Vênus)

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