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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

DYLAN


DYLAN

Dizem que ele era um iluminado, capaz, como ninguém, de captar a atenção do público ao mesmo tempo em que tocava e cantava totalmente indiferente aos que o assistiam. Alguém já disse que as pessoas vieram a Bob Dylan e não ele foi até elas.

No documentário da Paramount “no direction home”, dirigido pelo extraordinário Martin Scorsese, diz-se que Dylan conseguiu captar o inconsciente coletivo americano e tornar-se um símbolo da música de protesto. Ele mesmo, no entanto, nunca assumiu qualquer posição política.

Dylan parecia estar além das coisas desse mundo; suas músicas eram transcendentes e ele mesmo, no dizer de Allen Ginsberg, uma espécie de xamã. Aquele garoto nascido em uma pequena cidade de Minessota parecia não ter raízes em lugar algum, estava sempre indo...

Olhando-o enquanto cantava temos a impressão de que ele sofria de um tédio incurável que ia se agravando dia a dia com a fama. Nas suas entrevistas parecia nauseado, enjoado de tudo e de todos, cumprindo um protocolo do qual não podia fugir por força dos contratos com as gravadoras.

Bob Dylan impressionava porque era muitas coisas ao mesmo tempo, uma espécie de receptáculo de tudo sem que se identificasse com nada. Dylan era a encruzilhada entre muitas tradições e sentimentos, era a linha que demarcava o final de um tempo e o início de outro.

O homem que deixava eufórico o público ao cantar “like a Rolling Stones” era também odiado e vaiado pela platéia que o julgava um traidor da música folk. Dylan não dava a mínima para as críticas, apenas sorria ironicamente enquanto frustrava todas as expectativas daqueles que sonhavam vê-lo engajado em alguma causa.

Ele definitivamente não tinha uma bela voz, nunca teve. Quando cantava parecia uma criança chorosa gemendo com uma dor que não tinha uma origem exata, mas que se sabia vir de dentro misturada com uma avalanche de sentimentos pouco cognoscíveis. Dylan não era um teorema!

A fama lhe perseguia e ele sofria com ela ao mesmo tempo em que a desejava. Ele só queria tocar sua gaita e sua guitarra tal e qual um louco solitário que do alto da torre vê o mundo incendiar-se ao som dos seus acordes.

Bob Dylan nunca respondia as perguntas feitas pelos repórteres de forma direta e objetiva. Inventou uma espécie de maiêutica na qual devolvia retoricamente as perguntas que lhes eram feitas sem nunca respondê-las e fingindo não tê-las compreendido.

Não era a música de Bob Dylan que era de protesto, mas ele mesmo era um protesto. Não dando a mínima para certas convenções e improvisando sempre, parecia alguém muito diferente a cada apresentação.

Dylan era etéreo e foi exatamente por isso que se eternizou como músico e mito. Era um homem de fronteiras sofrendo por dentro com os seus muitos dilemas. Ele estava sendo tragado, consumido, e sua maneira de pedir socorro era cantar.

Bob Dylan foi um espelho no qual as pessoas do seu tempo se viram. O problema é que nem sempre o espelho mostra aquilo que queremos ver.

André Pessoa

2 comentários:

  1. Posso dizer que a musica nao tem preconceitos, além de unir pessoas e criar movimentos. Adoro a musica por tudo o que ela representa: desde a tristeza profunda até a alegria extrema. Eu que já tive experiência com a musica eu posso dizer que e simplesmente libertador! A musica esta em todos os lugares. Desde seriados como o glee, desde filmes da disney como rei leão e hight school music, além da piaf e betooven, em teatro como a tosca, carmem,etc.E e muito difícil alguém nao gostar de escutar!! E posso escutar ela em todo os lugares desde minha casa, um dia chuvoso, uma briga. E a criatividade atual esta aumento. Vários estilos tem surgido. Nunca se viu tanta criatividade como nos dias de hoje. Voce pode escuta-la tambem?

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  2. primeiro post não-critico do blog uhauhahuau

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