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domingo, 28 de agosto de 2011

UMAS PALMADAS NÃO FAZEM MAL A NINGUÉM



UMAS PALMADAS NÃO FAZEM MAL A NINGUÉM


Um conhecido meu confessou-me que tinha um irmão que era bandido. Antes que eu perguntasse por que o seu irmão havia enveredado nos caminhos tortuosos da marginalidade, ele me disse: “Eu levei umas palmadas do meu pai, ele não”.

Na mesma hora lembrei-me de um versículo da Bíblia que diz: “o que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Provérbios 13:24). Nesse caso, por mais cético que alguém seja, é impossível não concordar com as verdades contidas nestas linhas das escrituras.

A disciplina, ainda que os arautos da psicologia moderna e das interpretações extremadas dos direitos humanos não concordem, é um ato de amor e não de violência gratuita. Ao contrário daquilo que se pensa, quem verdadeiramente ama corrige e impõe certos limites aos filhos.

A correção das crianças deve vir cedo, ainda na mais tenra idade. Os pais não devem admitir insubordinação de qualquer natureza nas crianças sob a pena de ter que amargar a triste correção futura dos filhos em presídios ou o assassinato dos mesmos como resultado da vida de marginalidade.

A marginalidade, embora resulte também de fatores sociais e econômicos é, em muitos casos, fruto da ausência de disciplina no berço familiar. A impunidade se desloca através de uma linha de transmissão que vai das famílias à sociedade.

É com certa tristeza que nós constatamos que a falha cometida pelas famílias é ampliada pelas leis frouxas que quase não mais admitem qualquer tipo de punição aos infratores. Exceto, é claro, quando a infração causa ônus aos cofres públicos e não é perpetrada por algum político influente.

Esta semana o Brasil inteiro assistiu pela TV em alto e bom som a cena patética promovida por alguns menores infratores em São Paulo que destruíram as instalações do Conselho Tutelar (que não consegue tutelar ninguém). As crianças foram detidas quando tentavam roubar um celular em um hotel e reagiram com violência aos repórteres que cobriam o caso e a ação dos policiais.

O Brasil inteiro assistiu com perplexidade e com um nó na garganta uma cena ridícula na qual crianças que desaparecem dentro das roupas, drogadas e sem controle, agrediram os circunstantes e depredaram o patrimônio público. Nada que umas boas palmadinhas não resolvessem...

O que me chama à atenção nesse caso é que o aspecto corretivo e disciplinar da educação foi esquecido. De fato, é importante implementar programas de apoio às famílias carentes, inclusão social dos menores de rua e outros tantos que promovam a cidadania, mas precisamos também ensinar as crianças que elas não podem fazer tudo aquilo que acham que podem.

A palavra “disciplina” aqui não deve ser entendida como sinônimo de espancamento ou grosseria infundada, mas de imposição de limites. Não se trata de agredir violentamente crianças relativamente indefesas, mas de puni-las com rigor desde cedo para que cresçam sabendo que existe uma lei que deve ser respeitada.

Eu sou do tempo em que os alunos se colocavam de pé quando os professores entravam na sala de aula, talvez por isso não consiga me familiarizar com tanta impunidade e indisciplina. Embora eu não seja um entusiasta da rigidez dos regimes militares (e muito menos das atrocidades por eles cometidas), confesso que sinto saudade de alguns aspectos do “antigo regime”.

Fui criado em um ambiente no qual as crianças silenciavam enquanto os adultos conversavam e punham-se nos seus devidos lugares quando chamadas à atenção pelos pais, fato que em nada as atrapalhava no seu desenvolvimento cognitivo e na sua formação moral. “Liberdade é coisa perigosa”, cantou alguém em alguma música que eu não lembro bem o nome; impunidade é veneno social.

Será que é justa e saudável para a sociedade uma lei que não permite qualquer tipo de restrição à liberdade de menores até 11 anos? Será que isso serve de ferramenta promotora do bem-estar social e dos direitos humanos? Mas a que custo?

O Estado, lembrava Aristóteles (384-322 a.C.), é uma instância de poder que serve para ordenar a vida em sociedade e garantir o bom funcionamento da mesma. Quando o Estado incorre no mesmo erro das famílias e se exime de disciplinar com rigor as crianças, o que esperar dos adultos? Umas palmadinhas não fazem mal a ninguém...

André Pessoa

2 comentários:

  1. Não nescessariamente as palmadas.
    Mas pelo menos o cantinho do castigo da Super-Nany
    já ajuda...

    A disciplina é indispensável a qualquer sociedade.

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  2. Em relação às palmadas, eu sou a favor apenas de uma pequena e leve dose da força de um superior responsável pela criança, quando esta tenta se impor também de maneira agressiva ou primitiva (gritos de "mal criação" por exemplo), acompanhado é clado de um longo discurso sobre o porque dela ter sido repreendida, para mostra-la como um ato com uma determinada energia gera uma reação de mesma, e explica-la novamente o porque dela estar errada em QUERER algo ou ter cometido um erro e insistir que está certa.
    Por outro lado também penso naquelas crianças que leve ou brutalmente repreendidos pelos pais mal instruídos, que batem em seus filhos e passam a mesma falta de instrução para eles,
    que por sua vez crescem com a seguinte mensagem subliminar da lei da natureza selvagem: "O mundo é dos mais fortes, manda quem pode, obedece quem tem juízo"
    o que leva aos mesmos resultados de uma criança não repreendida.

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