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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O BOM VELHINHO?



O BOM VELHINHO?

Ele chegou depois da meia noite como lhe era de costume. O veículo que o trazia parou em frente a casa na qual entrou abrindo caminho pelo telhado.
Dentro do veículo permaneceram alguns dos seus ajudantes enquanto ele com muita facilidade entrou na casa escolhida enquanto a neve se amontoava na rua. Os seus cabelos estavam brancos porque há anos ele fazia isso.
Depois de descer pelo telhado da casa passou vagarosamente em frente à árvore de natal e dirigiu-se ao quarto das crianças. Não havia ninguém em casa, todos haviam viajado o que facilitava o seu trabalho.
Trazia consigo um grande saco que lhe servia aos propósitos. Nós pés uma bota preta impedia que ele escorregasse na neve enquanto se deslocava habilmente pelos lugares mais improváveis.
Ele havia se tornado uma lenda por causa da forma perfeita que agia durante a noite sem que ninguém jamais o tivesse visto. Pra falar a verdade, ultimamente o peso dos anos e a relativa obesidade o estavam impedindo de praticar ações mais arrojadas como antigamente.
Embora ninguém soubesse exatamente quem era ele e onde morava, alguns comentavam que a sua casa ficava no interior de uma floresta em um lugar de difícil acesso. Não gostava de ser incomodado e assim guardava o seu segredo e identidade secreta.
Enquanto estava no interior da casa escolhida olhou pela janela e viu umas luzes vermelhas que lhe causaram certo temor, mas não era o que ele estava pensando; tratava-se de uma ambulância. Algumas luzes enganam.
Na passagem pela cozinha ousou abrir a geladeira e comer um bom pedaço de tender acompanhado de um copo de refrigerante. Subiu a escadaria e entrou em um quarto grande e amplo que ele notou ser do casal dono da casa.
Mais uma vez abriu o grande saco e foi fazendo o seu “trabalho”. Ao final de quase uma hora de “visita”, o velho ladrão deixou aquela residência com um saco cheio de pertences roubados e um maço de dinheiro.
Entrou no carro que o aguardava e junto com os seus comparsas desapareceu por entre a bruma da noite fria de natal e a neve que caía suavemente se acumulando no galho das árvores.
O natal era sempre uma boa ocasião para as suas ações já que as pessoas viajavam para visitar a família e deixavam suas casas relativamente desguarnecidas. Apesar da camisa vermelha e das botas que usava não se tratava do bom velhinho, mas de um velho ladrão. Papai Noel não existe!

André Pessoa

Um comentário:

  1. Grande André,
    estou sem mandar comentários mas não deixo de ler sua "coluna". Nos tempos atuais, Papai Noel que coloca as criançinhas no colo é considerado pedófilo. Mais uma razão para provar que ele não existe.

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