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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A MORTE COMO CONSELHEIRA



A MORTE COMO CONSELHEIRA



O filósofo alemão Martin Heidegger afirmou que o homem é um ser para a morte. A morte esgota todas as possibilidades.
Sobre a morte, entretanto, o mundo contemporâneo não quer falar. Dissimular a existência e a inevitabilidade da morte é uma das especialidades dos nossos dias.
Até mesmo os cemitérios agora se parecem com hotéis de cinco estrelas e os caixões são expostos em vitrines. A morte foi maquiada.
Ao contrário daquilo que pensamos, a reflexão sobre a morte pode nos ajudar a viver. Doce paradoxo!
Quando nos aconselhamos com a sábia e velha morte não gastamos a nossa vida com futilidades. Por isso, diz o antigo livro que ninguém mais quer ler: “melhor é ir a casa onde há luto”.
Não é sem motivos que os moribundos, quando não se deixam colher pela angústia nem pela autocomiseração, tornam-se mais sábios e sóbrios. Por que será que só no “corredor da morte” o homem entende a vida?
James Houston, em um dos seus livros, diz que os passageiros dos aviões seqüestrados no 11 de setembro usaram os seus celulares para enviar mensagens aos seus parentes dizendo-os que os amavam.
Houston observa que os telefones não foram usados naquele momento para saber dos negócios ou qualquer outra coisa dessa natureza. O amor veio à tona justamente quando a morte aproximou-se abruptamente.
As pessoas que estão próximas da morte, curiosamente tornam-se quase oniscientes, como se estivessem conectadas com algo que antes não viam. Na morte vemos o que antes nos estava oculto.
Só a consciência da morte torna-nos aptos a viver verdadeiramente. Vida e morte, morte e vida, os dois lados de uma mesma moeda!

André Pessoa

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